O Homem do Norte é a maior decepção do ano?
Apesar de toda expectativa, O Homem do Norte definitivamente não cumpre o que promete e facilmente pode se tornar uma decepção para quem assiste. Com um elenco de peso, e Robert Eggers na direção, era esperado um filme que nos arrebatasse como A Bruxa, porém não foi dessa vez.
Mas o que pode ter acontecido?
Muito provavelmente é consequência do envolvimento de um grande estúdio. Mesmo com um orçamento de 110 Milhões de dólares, todo esse dinheiro não foi suficiente para suprir a falta de significado da obra.
Por mais que todo esse dinheiro seja visto em tela, na qualidade técnica, e que o filme não decepcione em relação a CGI e tratamento de imagens. Não é possível dizer a mesma coisa sobre o roteiro e a narrativa. Com uma história superficial e extremamente fragmentada, a conexão com os personagens é complicada e mais do que tudo: subdesenvolvida. A pior parte é que tudo nesse filme tinha grande potencial: o diretor, o elenco, o orçamento, e principalmente, a trama.
Qual era a proposta do enredo?
O Homem do Norte é uma adaptação da lenda escandinava de Amleth, e se você já se lembrou de Hamlet não é coincidência, a lenda é inspiração direta de uma das maiores peças de Shakespeare. Em resumo, o mito conta a história de um menino que quando criança assistiu o pai, um Rei Viking, ser morto pelo próprio irmão.
Cheio de fúria, Amleth foge e cresce com uma única missão de vida: vingar seu pai. No enredo do filme, no meio dessa vingança ele esbarra com a bruxa eslava: Olga (Anya Taylor-Joy), que o ajuda na sua missão de vingança.
Mira em Hamlet mas atinge tudo, menos isso
Poderia ser uma trama tão forte como Hamlet, mas no fim ela se torna teatral, no mau sentido da palavra. Sua trama divide-se em atos, mas não realmente se conecta. Ainda que a ambientação encante, a selvageria e a violência sem profundidade, repetem e subutilizam a cultura viking a estereótipos e clichês mal explorados.
Um clichê existe, pois, muitas vezes funciona, mas não é isso que acontece em O Homem do Norte já que nele o problema não é o clichê exatamente, mas como ele aparece e é desenvolvido no enredo. Nesse filme, o que falta é narrativa, é desenvolver e conectar seus personagens uns aos outros e com o público.
Até mesmo o protagonista que possui um maior desenvolvimento tem poucas camadas e isso é algo nítido em todos os personagens que conhecemos. Ainda que o elenco se esforce, com um roteiro tão raso, até mesmo talentos como Anya Taylor-Joy encontram dificuldade de se destacar. Talvez a maior exceção seja Nicole Kidman, que apesar de tudo, ainda entrega uma performance marcante e destoante do restante.
Assim, com más escolhas criativas, vemos muitos twists em potenciais serem apenas arremessados em diálogos, o que é definitivamente uma decepção. Pois, tudo isso colabora na criação de um filme lento, que se arrasta o tempo inteiro, parecendo mais longo do que realmente é.
Sem dúvidas, O Homem do Norte vem provar que não há elenco, diretor ou dinheiro, que possa disfarçar problemas de narrativa, pois, no fim, são as histórias que conquistam as pessoas, todo o resto são apenas ferramentas, e nesse filme isso fica extremamente claro.