Adão Negro é bom? | Crítica
Um dos filmes mais esperados do ano e a nova aposta da DC, Adão Negro prometia muito, mas infelizmente não cumpriu tanto assim. Apesar de ter aspectos bem interessantes, como a discussão do que realmente define um herói, o filme peca na construção da sua história, e consequentemente não consegue impactar da maneira que poderia.
Enfim, antes que você saia correndo daqui dizendo que não vai ver Adão Negro nunca, já te adianto para não fazer isso. Ainda que o filme tenha problemas significativos, também tem muita coisa boa que não pode e nem deve ser deixada de lado. Começando pelo personagem, que apesar de não ser tão conhecido, traz reflexões muito interessantes.
O que o Adão Negro tem de tão diferente?
Para quem não está familiarizado com os quadrinhos, o Adão Negro não é bem um herói. Idealizado pelos mesmos criadores do Shazam!, o roteirista Otto Binder e pelo desenhista C. C. Beck, o personagem surge como o primeiro a receber os poderes do Mago Shazam, ainda no Antigo Egito.
Ao contrário de Billy Batson (Shazam!), Teth-Adam (Primeiro Nome de Adão Negro) não tem o mesmo “coração puro” e acaba por se corromper e abusar desse poder. Por conta disso, é punido e banido para uma estrela distante. Até mais tarde se tornar um antagonista de Shazam!
Apesar de nem tudo ser igual aos quadrinhos, o filme adapta muito bem a essência do personagem como um anti-herói, apresentando sua história de origem, poderes e sua visão cinza do certo e errado. O último garante especialmente, piadas e momentos bem divertidos para a trama.
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Mas o que mais devo esperar?
Se você é um daqueles que ficou decepcionado com os efeitos especiais de Thor: Amor e Trovão, não precisa se preocupar com Adão Negro. Mostrando bem o que a DC promete para os próximos anos, damos de cara com um filme visualmente impecável e com efeitos especiais de altíssima qualidade. Em relação a isso, as únicas ressalvas que ficam é sobre o excesso de câmera lenta e a exibição repetitiva dos poderes de alguns personagens, de resto os efeitos são excepcionais!
Após anos de críticas em relação ao seu CGI, a Warner deixa um recado muito importante para os seus fãs e para sua concorrente mais popular. Adão Negro é só o começo e a DC não está mais para brincadeira! Em meio a tantas críticas e polêmicas em relação a isso com sua concorrente, não poderia ser um jeito melhor de se posicionar!
E quanto ao The Rock? Ele personificou o personagem como deveria?
Não sei vocês, mas essa era uma das minhas principais preocupações em relação ao filme. Apesar de The Rock ser um ator bem famoso, não é segredo que ele costuma interpretar papéis muito similares e bem diferentes do Adão Negro. Dessa maneira, com a confirmação a dúvida veio: será que ele era mesmo a escolha ideal para o papel? Acredito que sim e não.
Em primeiro lugar, foi interessante dar o papel a um rosto conhecido e que o público já gostava. Considerando que o Adão Negro não é um dos personagens mais conhecidos da DC essa foi uma maneira muito inteligente de atrair mais público. Estratégia que dá pra ver que funcionou por como o filme tem performado nas bilheterias. No entanto, apesar de ser possível ver o esforço de The Rock no trabalho, ainda falta um pouco de carisma.
Pois, ainda que o Adão Negro mostre uma cara completamente diferente dos personagens mais tradicionais de Dwayne Johnson, ainda não é suficiente para realmente se conectar com público. Ele diverte com as piadas bem colocadas e jeito estranho, mas não marca o suficiente para sequências.
E isso não é responsabilidade exclusiva dele, mas principalmente do roteiro que não o ajuda nessa empreitada. Inclusive, se existe algo em que o filme peca é em como desenvolve seus personagens, dos principais aos secundários.
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Por que os personagens são tão pouco explorados?
É uma pergunta difícil de responder, entendo que não seja possível desenvolver todos, mas definitivamente o filme poderia aproveitar melhor os personagens que tinham.
Com um elenco carismático e nomes emblemáticos dos quadrinhos, como Senhor Destino e Ciclone da Sociedade da Justiça, os variados personagens prometem um futuro interessante para a DC, mas não ganham espaço real na história.
Sendo reduzidos a momentos dramáticos que não causam o impacto que deveriam, pois não são realmente construídos ao longo da trama. No geral, a presença deles parece mais uma exibição em prol de mais cenas bem-humoradas, displays da qualidade de efeitos e vender uma nova equipe de heróis.
Não, que eu não tenha gostado dos personagens, mas faltou oportunidade de deixá-los brilhar, os apresentando melhor e fazendo suas presenças serem realmente relevantes dentro desse enredo, o que nos leva a outro ponto de crítica: o roteiro.
Tão divertido quanto extenso
Apesar do primeiro e parte do segundo ato funcionarem de forma equilibrada e bastante divertida, mesclando entre sequências de ação e diálogos bem humorados, a partir do terceiro a história se perde.
Em uma busca de complexificar a trama ao mesmo tempo que tenta nos explicar tudo para continuarmos acompanhando, o filme toma escolhas criativas questionáveis e se estende demais.
Ainda que a experiência não seja de todo ruim, a falta de um rumo no roteiro deixa a experiência confusa e bem menos impactante do que deveria. De modo que mesmo a cena pós-crédito maravilhosa e esperada, não é suficiente para você sair do cinema se sentindo realmente movido por aquela história, ainda que ela tenha pontos bem interessantes. Como a exploração do que define alguém como herói, enquanto questiona algumas atitudes heroicas.
Enfim, a reflexão vale a pena e traz à tona direta e indiretamente questões não tão distantes da nossa realidade sobre como lidar com a violência e a necessidade, ou a crença da necessidade, de tomar medidas desesperadas em tempos desesperados.
Dito tudo isso, deixo a decisão de assistir ou não com você, mas mal posso esperar para os próximos projetos da DC, que prometem iniciar uma fase nova e ainda mais fantástica!
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