Besouro Azul agrada no humor, mas peca na construção do herói
Seja você um fã de quadrinhos ou alguém, que como eu, cresceu vendo Bruna Marquezine na TV, o sentimento sobre o lançamento de Besouro Azul é o mesmo: ansiedade e muita expectativa. Não é exagero dizer que esse é um dos filmes mais esperados do ano no Brasil, pois além de nos apresentar um novo herói, é a nossa chance de ver nossa Bruna Marquezine brilhando nas telas hollywoodianas.
Embora isso seja ótimo, pois garante salas cheias de cinema, também têm um lado negativo, já que toda essa expectativa pode e vai influenciar a percepção que vamos ter do filme. Dito isso, é importante dizer que não fiquei imune a esse sentimento.
Apesar de ter gostado bastante, a verdade é que o filme poderia ser infinitamente melhor. E se você está se perguntando por que ou como assim, calma que ao longo dessa crítica vou te explicar tudo. Mas antes disso, vou te apresentar um pouquinho da história, já que nem todo mundo acompanhou todos os trailers e informações de lançamento.
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Tá, mas qual a trama de Besouro Azul?
Baseado nos quadrinhos da DC, conhecemos o jovem mexicano Jaime Reyes (Xolo Maridueña), um recém-formado, que volta para casa cheio de sonhos para o futuro. No entanto, ao retornar, ele percebe que muitas coisas mudaram e que agora sua família precisa dele de uma forma diferente. Assim, seus planos de se formar em direito vão para a gaveta e na busca de encontrar um emprego, Reyes acaba esbarrando com uma poderosa relíquia, conhecida como Escaravelho. Quem nunca não é, gente?
Porém, o que era para ser um encontro rápido ganha outra cara quando o Besouro Alienígena Azul escolhe Jaime para ser seu hospedeiro, dando a ele uma armadura superpoderosa e poderes. Embora tudo pareça bastante maravilhoso, o grande problema é que o item pertence a empresária Victoria Kord (Susan Sarandon), que fará de tudo para recuperá-lo.
Em meio a todo esse caos, os únicos com quem nosso novo super-herói pode contar são sua família e Jenny Kord (Bruna Marquezine), sobrinha da vilã, que o ajuda a enfrentar os desafios imprevisíveis que vieram com essa transformação.
O que tem de melhor no filme?
Quando digo que gostei muito não é mentira, se tem algo que o filme acerta é como ele traz uma família latina para as telas. Cheio de referências e com muito bom humor, é simplesmente impossível não rir das interações desse grupo, que funcionam com tanta naturalidade, que fica difícil acreditar que não são mesmo uma família de verdade.
Ainda que sua representação seja um tanto estereotipada, ela funciona muito bem, pois mostra traços culturais latinos muito expressivos e que com certeza vai fazer muita gente se identificar. Como, uma família muito amorosa, mas também muito zoeira. O roteiro soube trazer isso para a história com muita naturalidade, dando uma cara original ao filme.
Vale destacar também as referências que remetem a cultura mexicana com perfeição. Não vou dar detalhes para não estragar a experiência de vocês, mas tem uma referência a Maria do Bairro que ficou simplesmente fantástica. E olha que essa não é a única!
Por último, mas nem um pouco menos importante, vem a trilha sonora que traz hits latinos bastante famosos, como Atrevete Te Te – Calle 13 e Bidi Bidi Bom Bom – Selena, que ornam perfeitamente com toda estética de Besouro Azul.
E tem mais algo de bom ou é só isso?
Apesar de não ser o assunto principal, Besouro Azul traz uma crítica social de pano de fundo muito importante. Como a história se passa em uma cidade fictícia do Texas, que traz personagens latinos como protagonistas, seria no mínimo estranho se as questões sociais não fizessem parte da trama de alguma forma.
Dessa maneira, o novo filme da DC não se omite e crítica desde a xenofobia até os processos de gentrificação que expulsam muitos imigrantes da região onde moram. Isso sem falar da crítica social ao tão falado sonho americano, que até existe, mas com um custo muito alto.
Tudo isso surge no longa de um jeito muito natural e estrategicamente colocado. Seja quando uma pessoa não consegue pronunciar o nome de Jaime corretamente ou quando os personagens falam abertamente sobre essas situações.
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Como nem tudo é perfeito, chegou a hora de falar no que o filme erra
Meu primeiro ponto de crítica é na construção do herói. Com um roteiro recheado de clichês e frases de efeito, que já vimos em milhões de filmes antes, a parte que deveria se destacar no enredo acaba se tornando chata e entediante.
É muito comum termos a sensação de já termos visto aquela história em algum lugar, seja a semelhança da Jenny com a MJ, do Jaime com o Peter Parker, do Holland, ou mesmo algumas cenas que se parecem muito com cenas de outros filmes. A impressão que dá é que ao invés de se inspirar em outras obras, eles simplesmente copiaram, deixando toda essa parte da trama nem um pouco original.
Apesar de o Besouro Azul ser o protagonista do filme, a sensação que fica é que o filme não funciona bem nas cenas em que a família não participa. Tanto por uma questão do roteiro, que cria uma trama muito superficial para essa jornada do herói, quanto pelo desempenho do ator.
Ainda que Xolo Maridueña entregue um bom trabalho nas cenas de humor, deixa a desejar nas de ação e em especial nas de drama. Honestamente, por mais que ame o ator, não acredito que ele tenha sido a melhor escolha para o papel.
Outro erro são seus vilões e suas motivações
Dando sequência as críticas ao roteiro, não tenho como não mencionar a superficialidade dos vilões. Em especial Victoria Kord (Susan Sarandon), que tinha uma história base com bastante potencial, mas que foi pouquíssimo explorada.
Com motivações e um vilanismo simples, não a conhecemos suficiente para entendê-la ou até mesmo odiá-la. Por fim, é uma pena que o papel tenha sido dado a uma atriz com tanta experiência e potencial.
Até mesmo o outro vilão, que acaba tendo uma história bastante interessante, é também pouco desenvolvido dentro da trama. Sendo um dos elementos responsáveis por deixar todo o arco de herói, mas em especial a finalização da história, bastante rasa.
E a Bruna Marquezine rouba a cena?
Sei que essa é a pergunta que não sai da boca de todo mundo. Então, vamos lá!
Gostaria de dizer que sim, mas não. Como sua personagem faz parte da trama de herói, que mencionei acima, ela também acaba prejudicando por uma narrativa que não a coloca em destaque.
Apesar de sua personagem ser até interessante, a trama que ela está envolvida não é tanto, e digamos que competir com o carisma da família é simplesmente desleal. No entanto, Bruna entrega um ótimo trabalho com o material que recebeu e tem bastante potencial para brilhar muito mais nos próximos longas da DC.
Qual o veredito: vale a pena ver?
Sim! Embora o filme tenha problemas importantes, sua crítica social e como traz a representatividade latina faz o filme valer a pena. Especialmente se você só quer assistir ao filme para se divertir e dar boas risadas, garanto que se tiver procurando por isso você vai provavelmente amar o filme!
Besouro Azul entra em cartaz nos cinemas brasileiros no dia 17 de Agosto.
E aí ansioso pra ver? Conta pra gente o que achou depois nos comentários!