A Grande Família: Os Arquétipos e Os Complexos na TV
Uma das melhores coisas que já inventaram, sem dúvida, foi A Grande Família, uma daquelas sacadas que só acontecem de vez em quando e, quando acabam, deixam a gente com vontade de ver mais. A trama é sensacional do começo ao fim: o cotidiano de uma família tão comum que poderia ser a nossa, ou a do vizinho, ou mesmo a mais simbólica de todas. Apesar do tom novelesco, A Grande Família mais parece um grande teatro, cujos papéis foram cuidadosamente estudados e feitos com base em arquétipos e complexos.
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Senta que lá Vem Jung…
Bom, a teoria analítica possui várias ramificações e bases que explicam a sua origem de ser. Afinal, Jung se aprofundou tanto no simbolismo da vida que precisou recorrer a antigas formas de linguagem da alma e do inconsciente.
Imagine, por exemplo, aquele ideal de pai, protetor, provedor, um verdadeiro líder e exemplo para todos. A eterna mãe, que nutre, gera, organiza e cuida. O filho, sempre disposto a bancar o herói para provar seu valor. O esperto, verdadeiro sobrevivente e cheio de astúcia e lábia para enganar qualquer um.
Arquétipos e Complexos
Conseguiu identificar cada personagem desses na história? Pois bem, cada representação dessas é o que chamamos de Arquétipos: um conjunto de imagens primordiais que se repetem ao longo das eras e representam as buscas de nossa alma.
Cada Arquétipo (tipo, fôrma, símbolo) contém o seu próprio enigma, a sua energia e significado em nossas vidas. A depender da situação em que nos encontramos, ativamos, por meio de nossa energia psíquica, uma maneira de nos conectarmos com esses projetos cósmicos. Dessa forma, tentamos acessar essas energias primordiais por meio das imagens arquetípicas ou temas arquetípicos, que mudam conforme a cultura.
Acontece que, como toda experiência humana, nossa carga emocional e afetiva vai moldando nossa forma de enxergar o mundo, criando imagens distorcidas em nossa psique. São os famosos Complexos: resultados da interação entre nosso ego (corpo e mente) com a própria vida, gerando interpretações pessoais e subjetivas.
A Vida “Real”
O que isso significa? Bem, nem sempre os “Lineus” conseguem ser os pais ideais, pois as pressões do trabalho e do dia a dia lançam luz sobre os seus defeitos. Nem sempre as “Donas Nenês” conseguem ser carinhosas e benevolentes, pois também são seres humanos. Os filhos, “Tucos e Bebéis”, embora esforçados, precisam errar para acertar. Já os espertos “Agostinhos” são sempre descobertos, sejam nas suas trapaças ou trapalhadas.
Assim, a dualidade e os paradigmas nos colocam sempre frente a frente com o que projetamos e com o que realmente somos, ou desejamos e fantasiamos, e com aquilo que efetivamente conseguimos realizar.
Quais, quais quais…
E assim, nesse eterno jogo entre alma, espírito, mente e corpo, somos convidados a cumprir nosso objetivo e nos tornando quem realmente somos, com nossas qualidades e defeitos, imperfeições e superações, positivos e negativos.
Sendo assim, somos todos personagens dessa Grande Família do universo, cada qual com a sua função e, no fim, caos e cosmos são apenas estados ou dimensões nas quais nos encontramos.
“Eu também sou da família, também quero catucar”.
Vinícius de Lacerda é formado em Letras e professor de língua portuguesa. Atualmente, é pós-graduando em Psicologia Junguiana, poeta, compositor e redator.
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