A Marvel e a genialidade da sua narrativa transmidiática
O sucesso da Marvel está diretamente ligado a uma coisa chamada narrativa transmidiática. Não sabe o que é? Vem que eu te explico!
Não é segredo pra ninguém que eu amo o universo Marvel, mas talvez o que vocês não saibam que nem sempre foi assim. Não, eu nunca odiei filmes de herói, mas não era fã desse universo. E a matéria de hoje vem para tentar entender junto com vocês como a Marvel se tornou esse sucesso que conhecemos.
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Background Marvel
Para isso precisamos ressaltar que nem sempre a Marvel esteve tão bem financeiramente, antes desse sucesso “começar” a Marvel estava em um processo de quase falência e teve que vender os direitos de vários dos seus personagens. Também é importante ressaltar que o público já estava saturado de filmes de super-herói que entregam praticamente a mesma coisa. Era um mercado com potencial mais que aparentemente não tinha como ser a vaca-leiteira de ninguém.
Em meio a tudo isso, Kevin Feige investiu no que é conhecido como narrativa transmidia (Jenkins, 2006), inspirado nos quadrinhos, ele decidiu contar a história de um universo amplo, a partir de vários personagens, perspectivas e mídias diferentes. No início de uma maneira mais tímida, porém conforme o movimento deu certo mais filmes e mídias foram sendo criados e explorados: séries de tv, games e os próprios quadrinhos.
Narrativa Transmidia
A narrativa transmidiática da Marvel tinha como quatro objetivos, o primeiro trazer o público dos quadrinhos para os cinemas, segundo superar o mito que filmes de herói são superficiais, terceiro conquistar um novo público e quatro estabelecer um fandom mais engajado, que consumisse não só os conteúdos, mas os produtos dos filmes.
E antes que alguém diga algo, não a Marvel não inventou a narrativa transmidiática, Matrix a usou muito antes, mas nem mesmo Matrix soube usar tão bem esse universo transmidiático. Essa técnica foi utilizada na criação e “fidelização” do fã de muitas maneiras, um filme não te impede de assistir o outro, como seria em uma sequência direta, mas como cada produto tem seu sentido próprio e completa informações do universo geral se torna uma outra forma de contar uma história ou várias.
Multi-protagonismo e humanização de heróis
Dar protagonismo a novos e variados personagens é outra forma de criar ou fidelizar ainda mais fãs. Imagine a felicidade de quem tem como super-herói favorito o Doutor Estranho, vê-lo em um filme solo com uma história própria é um marco e gera uma relação afetiva muito forte entre o MCU e os fãs.
Além disso, a Marvel acertou de uma outra maneira ela apostou em um lado mais humano dos heróis e no humor, conquistando até aqueles que diziam não gostar de filmes de herói, aumentando assim seu público alvo. Sendo essa na minha opinião uma das maiores genialidades da Marvel, a capacidade que ela teve de conquistar e reconquistar públicos.
Relação entre fãs e o MCU
A cada filme lançado mais ansiosos os fãs ficavam, maior era a relação de desejo e espera do público para o próximo. Assim, a Marvel soube usar dessa espera e a partir da narrativa transmidiática usou uma desvantagem para instigar e engajar ainda mais esses fãs.
Apesar de muitos fãs criticarem escolhas da Marvel continuam indo aos cinemas, comprando produtos e criando conteúdo online da franquia, como fanfics e fanfilms. Essa relação afetiva que o MCU conquistou com os fãs é o que é capaz de gerar tanto dinheiro nesse mercado, a Marvel dominou praticamente todos os lugares e públicos.
Hoje com a internet os fãs se conhecem e tem mais facilidade para usarem e serem usados pelo mercado. É possível encontrar qualquer tipo de objeto com algum dos Vingadores de mochilas a roupas e quem compra não é necessariamente um colecionador ou mesmo um fã.
Marvel e não fãs
Enfim, isso acontece porque são produtos altamente desejáveis e atrativos. Afinal, não são produtos que atraem apenas um tipo de público, mas vários desde criança até adultos, ricos a pobres, homens e mulheres. Dessa maneira, praticamente todos consomem ou já consumiram ao menos uma vez os filmes e/ou produtos.
Assim, a Marvel soube acreditar num público que estava carente de filmes de qualidade. Além disso conquistaram até mesmo pessoas que não gostavam desse tipo de filme. Com a fase 4 anunciada esse movimento se expande ainda. Veremos a perspectiva de novos personagens e de personagens sem tanto destaque, em produtos midiáticos diferentes. Proposta que deve além de fidelizar os fãs já existentes gerar ainda mais fãs para o universo. A escolha de tratar de temas como representatividade e personagens diferenciados é sem dúvida mais um acerto. Enfim, agora basta saber até onde a Marvel consegue chegar depois de tudo que já alcançou.
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Fontes:
Jenkins, 2006. Convergence Culture: Where Old and New Media Collide.
Santos, B; VIERA, M. Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D.: Uma análise da narrativa transmidiática no Universo Cinematográfico da Marvel. Universidade Federal da Paraíba, PB, 2015.