Nosso Sonho, filme de Claudinho e Buchecha, conquista indo além da nostalgia
Nosso Sonho, o filme sobre a história de Claudinho e Buchecha, estreou semana passada, e mesmo antes de assistir eu já tinha entrado em um verdadeiro túnel do tempo. Quem viveu os anos 90 e o início dos anos 2000 lembra bem das músicas envolventes deles que encantavam por mostrar outro lado do funk. Suas letras sobre amor explodiram no Brasil todo, das comunidades a condomínios por aí. A energia dos meninos, charme e a representatividade que eles trouxeram conquistou o Brasil a ponto de ouvirmos suas músicas até hoje com muito carinho.
Com muita leveza, eles chegaram a todos os públicos, não sendo nenhum pouco incomum alguém dizer na época: “Não gosto de funk, mas gosto de Claudinho e Buchecha“. Afinal, o carisma deles era tão grande que no fim era como se o conhecêssemos pessoalmente, não à toa sentimos tanto a perda de Claudinho. Me lembro do dia até hoje, um sábado de manhã, que como Buchecha mesmo disse amanheceu, mas não clareou. (Via Programa Otalab, do UOL)
Para quem não viveu, imagine uma perda nacional parecida com a de Marília Mendonça, o choro foi livre, massivo, e possivelmente a razão para ter demorado tanto para essa história virar um filme. O Brasil todo e Buchecha em especial precisava de tempo para aceitar e seguir em frente. Mais de 20 anos depois, Nosso Sonho chega aos cinemas mostrando não só a relevância desses artistas, mas também a força que o funk tem.
O que esperar do filme?
Definitivamente, espere um filme emocionante, sensível, mas também divertido. Narrado por Juan Paiva, ator que interpreta a versão adulta de Buchecha, o filme passa constantemente uma energia de desabafo, não só vemos uma história, mas a sentimos profundamente em sua narração.
A partir desse relato, temos a oportunidade de nos aproximar mais de Buchecha, não só na perda, mas também em todos os pequenos passos, profissionais e não profissionais, que os levaram aonde chegaram. Mostrando os momentos bons e ruins, nos divertimos vendo como alguns sucessos foram compostos e sentimos um verdadeiro aperto no coração ao vê-lo contar sobre sua relação com o pai.
Mais do que tudo, Nosso Sonho vem contar a trajetória da dupla, destacando especialmente o impacto que Claudinho teve na vida do amigo. Confirmamos ali o quanto Claudinho foi importante e único, não só na música, mas na vida de Buchecha, que o enxerga como um verdadeiro anjo da guarda.
A escolha de aprofundar essa relação ao invés de suas conquistas é o maior acerto do diretor Eduardo Albergaria (Happy Hour- Verdades e Consequências). Ao fazer isso, temos de volta um pouco da essência do que os tornaram tão especiais para o Brasil.
Ver mais das suas trajetórias, desafios e até derrotas cativa o Claudinho e Buchecha em nós e consegue nos inspirar ao mesmo tempo que nos emociona. Tudo isso graças ao roteiro sensível e muito bem escrito por Albergaria, Fernando Velasco, Maurício Lissovsky e Daniel Dias.
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Um Destaque a Juan Paiva e Lucas Penteado
Se você assistiu Um Olhar do Paraíso ou qualquer outro filme de cunho emocional, sabe bem que a escolha do elenco é primordial. Caso os atores não consigam transmitir todas essas emoções, um bom roteiro acaba sendo desperdiçado. Graças a Juan Paiva e Lucas Penteado, não vemos isso acontecer em Nosso Sonho.
Com carisma e trazendo o tom de cada personagem com perfeição, os atores entregam um ótimo trabalho e mostram que foram muito bem escolhidos. Seja a timidez de Buchecha ou a energia de Claudinho, tudo está lá como deveria, até mesmo a língua presa.
Ainda que nem tudo do filme seja realmente verdade, já que para a história ficar mais coesa e nos moldes do cinema algumas coisas precisaram ser acrescentadas, tudo que faz parte da essência dessa história se mantém. Marcando Nosso Sonho como um daqueles filmes que nos apaixona não só por nos transportar para outra época, mas também para outra perspectiva, a de Buchecha com Claudinho, pois sua vida teria definitivamente sido outra se o amigo não tivesse existido.
E aí, vocês eram fãs das músicas da dupla e estão dispostos a dar uma chance ao filme?
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