Halloween com Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror
Halloween tá chegando e pra comemorar essa data: que tal ler um dos livros mais fantásticos já escritos?
Caso sua resposta seja sim te apresento Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror, escrito pela Dr. Robin R. Means Coleman com tradução de Jim Anotsu. Lançado pela editora Darkside em 2019, o livro aborda de forma critica a representação negra nos filmes de terror ao longo das décadas, traçando uma ordem cronológica desses filmes a partir da pré -1930 até os anos 2000.
Quer saber um pouco mais sobre isso? Segue o fio!
Horror Noire, é uma verdadeira bíblia e seria quase impossível para a minha pessoa passar por todas essas páginas sem me aprofundar nelas. Porém, esse livro foi uma das minhas melhores leituras desse ano e como estamos em outubro não posso perder a oportunidade de exalta-lo.
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Entendendo o Tema
Primeiramente o livro trata de nos contextualizar sobre o que é terror. Pode parecer óbvio, mas na verdade o terror é um gênero bem complexo. Pois, vai muito além de bruxas, demônios e fantasmas, engloba até mesmo enredos de ficção cientifica como alienígenas, e seres místicos que acabam entrando para a festa também.
“Terror, como gênero é marcado por aquilo que é reconhecível instantaneamente como aterrorizante; aquilo que corresponde a nossa compreensão e expectativa do que é aterrorizante; e por aquilo que é discutido e interpretado como sendo parte do terror”.
Phillips citado por Dr. Robin R. Means Coleman. Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror.
Sendo assim Dra. Coleman, cria uma linha temporal separando- os em capítulos e dessa forma deixa a discussão mais didática. Visto que além de colocar seu ponto de vista, ela também aborda as principais narrativas cinematográfica da época. Assim, vamos entendendo as mudanças cinematográficas dentro do gênero de terror e ao mesmo tempo entendendo que o motivo dessas mudanças está mais relacionado com a realidade do que com o imaginário.
Por Dentro dos Séculos
Logo no início a autora deixa claro o que vamos ver pela frente, e não estou falando do sumário. Assim, cada capítulo do livro é divida em uma época diferente, sendo assim vou resumir um pouco pra vocês terem um gostinho da obra e entenderem como a representação negra foi se modificando ao longo das décadas.
Um Pequeno Resumo
- Pré 1930: Aborda o mundo trágico do cinema.
- Anos 30: Narrativa problemática e racista colocando os negros e macacos como indistinguíveis. Rolê todo errado, sem falar que aqui eles faziam a festa com a intolerância religiosa, já que as praticas de religião de matriz africana foram abordadas de forma distorcida. Pode ser observado, por exemplo, em Kong (1933).
- Anos 40: Figura dos negros eram perigosamente mortais do mal, 100% descartáveis e alvo de risadas e ridicularização. Sendo assim, aqui os negros eram explorados como alívio cômico no terror.
- Anos 50 e 60: Galera branca dando uma de cientista. Dessa forma, saímos dos males sobrenaturais para os tecnológicos. Resultando os negros omitidos do gêneros ou ficando em papeis secundários como sempre, pois a tecnologia “estava longe do alcance dos negros”.
- Anos 70: Sumiço dos negros nas telas por motivos de ser a década em que o terror focou nos subúrbios e em acampamentos. Basicamente aqui veio o nosso queridinho slasher. Grupos de amigos assassinados por serial killers mascarados.
- Anos 80: Começou a palhaçada/estereótipo de o negro morrer primeiro. Em suma, é uma representação do auto-sacrifício. Um dos melhores exemplos é O Iluminado (1980).
- Anos 90: WE’RE BACK BITCHEEES. Reintrodução dos negros abrindo espaço para personagens empoderados e resilientes. Além disso, aqui também é uma época que marca as batalhas do bem vs. mal acontecendo nos centros urbanos. Como em Contos Macabros (1995).
- Conclusão: No capítulo final a autora foca no terror do século XXI.
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Meu olhar sobre o título
A obra da Dra. Robin R. Means Coleman é recheada de conhecimento. Ela entrega TUDO. Desde detalhes da Representação negra no cinema até o porque da ausência. Dessa maneira, a autora cita momentos históricos como segregação racial, luta pelos direitos civis e movimento Black Power para contextualizar o cenário cinematográfico. Além é claro de trazer estereótipos culturais e de gêneros utilizados nos filmes com muitos exemplos.
Para finalizar, eu recomendo muito esse livro não somente para os amantes de terror, mas para os de cinema em geral.
Apesar de ser um tema bastante complexo, a autora é super didática. Enfim, não é a toa que o livro possui mais de 400 páginas sobre o assunto. A autora procura nos informar do melhor jeito possível, trazendo diversos pontos que se relacionam com o tema sem fazer com que você se perca no meio do caminho. Pelo contrário a leitura é fluida, como se fosse uma grande aula de história.
Contudo a autora desde o início deixa claro que sua proposta não é que o livro seja uma enciclopédia ou a palavra final, mas sim uma provocação para gerar debates engajados e aumentar investigações mais detalhadas sobre o tema. E aí te gerei alguma provocação? Comenta aqui embaixo!
Mas se você não é muito amigos dos livros…
Documentário
Horror Noire é o primeiro documentário original da SHUTTER que engloba basicamente a mesma temática e está disponível no youtube. Contando com a presença de Jordan Peele, Tony Todd, Tina Mabry, Ashlee Blackwell e da própria Dra. Robin R. Means Coleman. Enfim, imperdível até pra quem já leu o livro! Já assistiram?
3 Comentários
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[…] Turners, como muitos de vocês já devem ter percebido, eu sempre apareço aqui no Halloween e com esse climinha de montanha que está sobre nós cariocas, resolvi trazer uma indicação […]