O filme ‘Ela Disse’ retrata a matéria do Times que quebrou o silêncio feminino em Hollywood
Olá Turneiros. O #MeToo foi, e é, um movimento global onde mulheres compartilham suas histórias, expõem os casos de assédio sofridos e exigem mudança, para os culpados serem finalmente punidos e isso não se repita. Mas vocês sabem como essa hashtag ganhou o mundo? O filme Ela Disse se propõe a contar essa história.
Em 2017, as jornalistas do New York Times, Megan Twohey e Jodi Kantor publicaram uma matéria em que expunham casos de assédio sexual por parte de Harvey Weinstein, um famoso produtor hollywoodiano. Não só isso, mas como ele tinha uma rede para se sair impune pagando milhões, ameaçando e destruindo carreiras.
O filme é baseado no livro Ela Disse: Os Bastidores da Reportagem que Impulsionou o #MeToo, onde Megan e Jodi relatam todo o processo de investigação para a publicação. Desde descobrir os fatos, a busca por provas, a frustração com depoimentos que não iam para frente, além do medo de sofrerem retaliações e a tentativa de equilibrar tudo isso com suas próprias vidas, isso ao longo de quase 1 hora e 30 minutos de filme.
Uma narrativa linear
A vencedora do Emmy, Maria Schrader, fez um ótimo trabalho a partir do roteiro da vencedora do Oscar, Rebecca Lenkiewicz. Pois, mesmo seguindo uma narrativa linear com um ritmo constante, sem um grande clímax, o filme é capaz de nos prender o tempo todo com as informações e sentimentos que traz, de forma a se mostrar mais uma escolha acertada da produção, pois não perde o foco da realidade em prol de ser mais chamativo.
Escolhas muito bem elaboradas também estão em sua montagem. Ao mostrar versões jovens das vítimas criam um laço com as desconhecidas. Além dos áudios de ligações, entrevistas e relatos serem postos como situações cotidianas da investigação.
Grandes Atuações
As atuações nos convencem e comovem do início ao fim. Seja das duas personagens principais, da equipe de apoio que conta com Patricia Clarkson e Andre Braugher e até mesmo da participação das atrizes que fizeram as vítimas, jovens e adultas. Todos eles conseguem nos passar tanta verdade, que parecem a Ashley Judd, que interpretou ela mesma.
Mas, claro, que a dupla central tem o maior crédito. Carey Mulligan, estrela de Bela Vingança, se destaca com a astúcia e força de Megan Twohey. Enquanto Zoe Kazan consegue transbordar a empatia e a determinação de quem luta por mudanças de Jodi Kantor.
É o melhor filme?
A resposta para isso é: não. O filme é bom, convence e comove. Mas nem assim todos vão gostar, pois ele aposta em ser pé no chão, num ritmo constante e pegado aos fatos. Além de uma dosezinha de esperança.
Mas acredito que um dos trunfos dele seja justamente a simplicidade. Pois enquanto O Escândalo (2019) e Spotlight: Segredos Revelados (2015) tem todo um ritmo mais frenético e grandioso que demonstra algo bem cinematográfico, esta obra nos dá a sensação de ser algo acontecendo nesse exato momento e diversas redações de jornais ao redor do globo.
E provavelmente está. Mas, agora, nós não podemos mais alegar ignorância sobre a cultura que dá legitimidade a ambientes tóxicos, protege abusadores e abafa os escândalos. Devemos nos manter vigilantes e seguir exigindo melhoria de todos. Ela Disse pode ter impulsionado o #metoo, mas ele não deve acabar aqui.
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