Sociedade do Medo promete uma profundidade que nunca chega
Apesar do nome forte e da proposta inteligente, Sociedade do Medo decepciona ao entregar uma narrativa superficial e pouco dinâmica. Ainda que seu tema seja forte e presente na nossa realidade desde sempre, esse impacto não vem para as telas como deveria.
Dirigido por Adriana L. Dutra, sua proposta é discutir as diferentes facetas do medo na nossa sociedade, abordando desde os aspectos históricos, religiosos, políticos e até pandêmicos. No entanto, apesar do papel do medo ser indiscutível na nossa sociedade, a forma como isso é trazido à tona não funciona.
Muito presa ao formato tradicional de um documentário, o filme está mais próximo de uma aula da faculdade. Algo que podemos aprender a respeito, mas que não nos conectamos como poderíamos. Ainda que lembre vagamente a proposta de Democracia em Vertigem, com a narração de Adriana L. Dutra, não alcança o mesmo impacto, pois falta pessoalidade e consequentemente profundidade.
Além disso, nos deparamos no documentário com uma sequência de entrevistas importantes e reflexivas, mas que não são bem conectadas à trama. Por mais que a conexão de temas exista, ela é tão tênue e tão pouco construída na narrativa que é preciso se esforçar para seguir acompanhando.
Isso é uma pena, visto que é o tipo de assunto necessário de se discutir no momento em que vivemos. O medo nunca representou tanto na nossa sociedade e, lançado em meio às eleições, talvez a trama pudesse ter tido mais força se tivesse exposto mais exemplos práticos ao invés de focar tanto numa teoria, que até ensina, mas não conecta.
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