Um olhar sobre Eternos e seus subtextos
Eternos, a mais nova e ambiciosa aposta da Marvel para o futuro do MCU. O filme chegou criando várias expectativas e despertou diferentes sentimentos nas pessoas. Algumas críticas o tornam o melhor de todos até agora; outras o colocam como um fiasco total. Enfim, opiniões à parte, cabe aqui tentar me enveredar pelos subtextos da produção.
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O Filme
A produção vai fundo na origem de todo o universo até então conhecido, trazendo conceitos e reflexões acerca das divindades que formam o panteão dessa e de outras realidades. Introduz as figuras dos Celestiais (os “criadores” ou “arquitetos”), dos próprios Eternos (os “enviados” ou “mensageiros”) e dos Deviantes (o “mal” por assim dizer).
Cada qual possui a sua função e missão nos diferentes planetas para onde são enviados: fazer com que um Celestial nasça no núcleo de cada planeta, absorvendo o maior número de energias humanas. Aliás, essa verdade só é revelada no 4º ato do filme, deixando-nos com uma enorme pulga atrás da orelha em relação aos planos supostamente divinos.
Além disso, outra coisa que chama à atenção é a forma como a história de origem dos Eternos se confunde com a própria história da humanidade: eles, na visão dos seres humanos, são os “deuses” que trouxeram a evolução, o desenvolvimento, a fé e a crença no sobrenatural. Uma espécie de “Eram Os Deuses Astronautas?“ do século XXI.
O Problema do Fanatismo
Dessa maneira, duas temáticas principais se destacam e cabem um aprofundamento/ampliação à luz da Psicologia Junguiana. A primeira diz respeito ao perigo de um pensamento unilateral, ou seja, de um fundamentalismo, quer seja político, ideológico ou religioso. Assim, uma crença cega e sem reflexão conduz a um comportamento de massas, desvalorizando o indivíduo em prol do coletivo.
O problema é que, na coletividade, não há crítica, não há diferenciação ou tentativa de soluções que não sejam baseadas no instinto e nas paixões. Ou seja, em outras palavras: quando uma ideia coletiva ou um grupo ganha força, reprime os valores individuais, reduzindo-os a meras funções que servem a um suposto propósito maior. Um exemplo disso é o fascismo.
O que pode ser visto no filme já que Ajak, a fiel servidora de Arishem, conduz os outros Eternos a uma jornada que se mostra controversa, movida talvez pela ideia de que há sempre uma força superior que conduz tudo e todos para um caminho justo e correto. Aliás, essa visão sobre deuses errantes têm ganhado muita forças em novas produções cinematográficas.
A Busca da Alma
O segundo ponto, e me parece o que mais me atravessou, é a busca simbólica ou literal por aquilo que conhecemos como Alma. Para algumas linhas religiosas e esotéricas, a alma não nos pertence ainda: precisamos trabalhar para conquistá-la ou despertá-la efetivamente (sugiro ao leitor uma pesquisa sobre a antiga mitologia gnóstica).
Desse modo, para Jung, a alma é justamente a finalidade, o objetivo central, a função teleológica e numinosa de cada pessoa: encontrar e desenvolver os aspectos do Si-Mesmo, do Self, da Essência Divina que permanece ainda adormecida em cada ser humano.
Vejam: no filme, os enviados são criações artificiais com um único propósito e, no final das contas, servem como marionetes nas mãos dos deuses. Porém, ao conviverem tanto tempo ao lado dos humanos, essa humanidade os transforma, dando-lhes uma nova perspectiva na jornada.
Em suma, o que parecia apenas um mero instrumento ou ferramenta, torna-se agora um Ser que busca o seu lugar no universo, a sua Alma. E a beleza de Eternos está justamente nisso: nas entrelinhas de uma produção sublime e que beira o transcendental.
Enfim, comenta aí pra gente o que achou do filme!
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