Crítica | Mindhunter: “O que os psicopatas pensam?”
Desde seu anúncio, Mindhunter prometia ser uma série de grande qualidade, produzida por nomes como Charlize Theron e David Fincher. Sua história nos leva à mente de vários serialkillers para descobrir não só sobre seus atos mas sim porque eram feitos de tal jeito.
A produção se baseia no livro homônimo escrito por um ex-agente da FBI, John Douglas, sobre seu trabalho ao tentar entender a mente dos psicopatas, seus pensamentos e o que os levava a ter esses pensamentos. Não se pode dizer que o que você vai ver na série realmente aconteceu, o próprio Fincher disse em uma entrevista que ele e Jon Penhall tomaram várias decisões tanto para dramatização da série quanto para o entendimento do público. De acordo com Fincher, muito do exibido aconteceu na realidade mas não da forma como é mostrado, nem na mesma ordem.
Se você tem alguma admiração por Fincher essa série certamente irá aguçar isto. Mindhunter é uma junção de vários aspectos de seus filmes para a criação de algo inovador entre suas produções. Você poderá notar várias semelhanças com Se7en, Fight Club, e principalmente com Zodiac.
Mindhunter tem como objetivo explorar o limite entre uma pessoa normal e um psicopata, o que influencia essa mudança, quando ela ocorre… E pouco a pouco percebemos que mesmo os protagonistas tem tendências para chegar a esse ponto, afinal eles não estão estudando algo sobre dois lados e como os serialkillers ultrapassam isto(saindo do lado do bem para o do mal) mas sim um comportamento contínuo que pode até mesmo se iniciar quando crianças, são traumas que podem ou não transformar uma pessoa em um psicopata; A busca dos protagonistas é por um padrão que dificilmente será descoberto, é impossível determinar se alguém algum dia será um “assassino maníaco” pois a linha entre uma pessoa sã e uma pessoa com tais problemas é muito tênue.
A série é protagonizada por Holden Ford(Jonathan Groff) e Bill Tench(Holt McCallany), com a adição de Wendy Carr(Anna Torv) nos primeiros episódios. Anna Torv é claramente um destaque aqui, mesmo dividindo a maioria das suas cenas com dois ótimos atores, ela se impõe mostrando maestria e autoridade (característica de sua personagem mas também um detalhe bem trabalhado por Anna). A atuação de Jonhatan tem seus altos e baixos, em algumas sequências o ator da alma para a cena e em outras ele aparenta estar apagado, quase esquecido ao lado de seu parceiro Holt. Outro destaque da série, ainda que com pouco tempo em cena, é Cameron Britton(interpretando Edmund Kemper), traz um grande realismo e materializa o verdadeiro serialkiller.
Mindhunter é um dos ápices de David Fincher, com o dom de transcrever livros e acontecimentos em suas obras de forma especial, o “contador de histórias” aproveita de todo o potencial de uma série, usando das suas 8-10 horas para acrescentar detalhes, criando não só um enredo impressionante mas também desenvolvendo fio a fio seus personagens. Fique atento as informações e você irá conhecer os protagonistas como se fossem seus amigos.
A produção é certamente uma das melhores do ano, o que não é surpresa alguma. É visível que todos envolvidos nela se esforçaram ao máximo para entregar uma grande obra. Obrigado Fincher!
Nota: 9.5
Boa maratona!