Duna foi a estrela do Oscar 2022?
Oiiie Turneiros, tudo bom? Para os amantes do cinema o Oscar é sempre um evento importante. Reclamamos de algumas indicações, torcemos para os nossos favoritos e definitivamente nos sentimos bem traídos quando eles não ganham a famosa estatueta de ouro. Enfim, pensando nisso, hoje é dia de comentar um pouco sobre as premiações do último domingo, e para começar nada melhor do que falar de Duna, o favorito do Oscar de 2022..
O queridinho do tapete vermelho
Antes de tudo, o filme que se destacou na premiação foi Duna, que foi indicado a 10 categorias e levou 6 dessas para casa. Em primeiro lugar a obra possuía uma dificuldade técnica de adaptação muito grande, do universo dos livros para o cinema, devido a complexidade da história. Além disso, o filme de 1984 não funcionou muito bem em tela. Nesse sentido das premiações adquiridas, a de efeitos visuais demonstra o quanto a ambientação funcionou. Os efeitos são incríveis, com destaque para o monstro do deserto que ficou maravilhoso.
Junto a isso, a fotografia do filme ser premiada é merecida, mas outros indicados tiveram um trabalho um pouco melhor. Contudo, no conjunto dos prêmios que Duna ganhou, fez muito sentido levar esse também. O filme dominou nas categorias técnicas, demonstrando o motivo de ter agradado tanto o público quanto a crítica.
Achamos importante começar comentando sobre Duna, devido a sua presença marcante no Oscar deste ano, mas ele não foi o único que chamou a atenção. Em seguida, No Ritmo do Coração atraiu olhares ao levar o prêmio mais aguardado da noite, o de melhor filme. Antes de tudo, ele conta a história de uma família que possui deficiência auditiva e vive de um comércio de pesca em Gloucester, nos Estados Unidos. Dessa forma, a única pessoa da família que não tem problemas auditivos ajuda sua família nos negócios. Em determinado momento ela se encontra dividida entre estar presente para a família ou seguir seus sonhos.
A Estrela da Noite
No Ritmo do Coração é uma adaptação de um filme francês de 2014, chamado A Família Beliér. O filme original gerou muita polêmica na época, por escalar atores ouvintes para interpretar pessoas surdas. Existem muitas diferenças do original para o adaptado, contudo o que podemos falar sobre o filme que ganhou o Oscar é a importância disto para a representatividade. Fora isso, o filme cria um equilíbrio entre o drama e a comédia, sendo divertido e sensível ao mesmo tempo, o que atrai mais o público.
Em suma, o longa ainda ganhou na categoria melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante com Troy Kotsur, que foi o primeiro ator surdo a ganhar essa premiação. Youn Yuh-jung, atriz que ganhou esta premiação na edição passada, anunciou o vencedor utilizando a linguagem de sinais. Nesse sentido a atuação dele foi incrível, a expressividade dele foi muito grande e em parte isso se dá pela própria forma dele de se comunicar.
A relevância deste filme ter ganhado o Oscar, assim como Troy Kotsur ter ganho como melhor ator coadjuvante, é enorme. Contudo, deixo o questionamento do quão lentamente estamos vendo a diversidade ser reconhecida no cinema.
Onde os sonhos viram realidade
Aproveitando o gancho, Ariana Debose foi a vencedora da categoria melhor atriz coadjuvante por Amor, Sublime, Amor. A adaptação do musical, por Steven Spielberg, teve 7 indicações ao Oscar, incluindo melhor direção e melhor filme. Foi o primeiro musical na carreira do diretor, e foi outro queridinho no tapete vermelho este ano. Mas o destaque vai todo para Ariana, que teve um discurso muito emocionante no Oscar, ressaltando a importância da premiação não só para ela, mas também para todo um grupo de pessoas que ainda não possui igualdade nesses espaços:
“Agora você vê porque Anita diz: eu quero estar na América porque mesmo nesse estranho mundo que vivemos, sonhos viram realidade.(…) Imagine essa menina no banco de trás de um Ford Focus, olhe nos olhos dela e você verá uma mulher negra latina abertamente queer que encontrou sua força através da arte.”
Ariana Debose
Leia Mais: A nova versão de ‘Amor, Sublime Amor’ é tudo menos sublime
King Richard foi realmente a melhor atuação de Will Smith?
Como melhor ator, o queridinho Will Smith levou o prêmio pelo seu papel brilhante em King Richard: Criando Campeãs. Will é um ator incrível e já mostrou seu potencial em inúmeros outros filmes, deixando em destaque para A Procura da Felicidade, na qual ele teve um show de atuação também. O filme que o rendeu o Oscar ao ator é uma cinebiografia sobre Richard Williams, em que ele treinou e encaminhou suas duas filhas para carreiras profissionais no tênis.
Entrando em um ponto delicado para este Oscar, acreditamos que Benedict Cumberbatch e Andrew Garfield estavam na frente de Will. Muito além, Benedict teve uma atuação cheia de camadas, tornou o personagem crível. Dessa forma, ele nos traz uma alusão sobre como os traumas marcam a nossa vida nos mudando para sempre. Por conta disso tudo, acreditamos que ele deveria ter ganhado como melhor ator. Contudo, a academia decidiu dar o prêmio para o Will de uma forma retroativa já que o ator tem uma coleção de boas atuações que não garantiram o prêmio a ele.
Todo mundo odeia o Oscar?
Além disso, fica impossível falar de Will Smith e não citar a polêmica desta edição do Oscar. Depois de uma piada muito infeliz de Chris Rock sobre Jada Pinkett, a esposa do ator, ele respondeu gritando: “Tire o nome da minha esposa da sua boca”. Logo após ele levantou e deu um tapa no comediante no meio da cerimônia de premiação. Muito tem se brincado na internet sobre o ocorrido, e todos já assumiram um lado, então acredito ser importante comentar sobre isso aqui. Primeiramente, o humor nunca pode ser às custas da ridicularização e inferiorização dos outros. Piadas sobre a aparência das pessoas são ofensivas e só servem como uma forma de exclusão e humilhação pública para quem é alvo da piada. Segundo, aparentemente Chris Rock possuiu uma implicância de longa data com Jada. Frequentemente ele faz piadas sobre ela na cerimônia do Oscar. Por fim, Jada possui uma doença, chamada alopecia e por isso ela está sem cabelos, e a atriz e apresentadora já havia comentado sobre o assunto publicamente, logo, era de conhecimento geral.
Se ofende alguém, não é piada
Foi um grande erro de Chris Rock fazer piada com Jada dessa forma, erro que deveria sim ser penalizado. Provavelmente tudo isso passaria despercebido se Will Smith não tivesse tomado a atitude que tomou. Não defendemos a violência, mas queremos aqui chamar atenção para um problema estrutural que indica, acima de tudo, o racismo e o machismo que é tornar mulheres pretas alvos de piada e ridicularização. Isso precisa acabar. Toda vez que alguém ri de uma piada similar a de Chris Rock todos nós estamos perdendo como seres humanos. Portanto fica aqui a reflexão para se repensar os tipos de humor que alimentamos, e como isso impacta na perpetuação de violências.
Foi justa a escolha de Jessica Chastain?
Mudando de assunto, e dando sequência, o prêmio de melhor atriz ficou para Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye, outra cinebiografia. A história é sobre a televangelista, Tammy Faye,e seu marido. Ela foi a maior apresentadora gospel da TV norte americana. Quando comparada às outras indicadas a categoria, a escolha de Chastain como vencedora não parece ter sido a mais acertada. Apesar do talento da atriz, o trabalho de Kristen Stewart, em Spencer, parecia mais merecedor da estatueta dessa vez.
Ela tá com tudo!
Sobre o prêmio de melhor música original, alguém realmente duvidava que Billie Eilish ganharia essa? Esses últimos dois anos foram dela, a cantora tem emplacado vários hits. Quando a música dela foi colocada em 007 – Sem tempo para morrer, um filme de conclusão que atraiu o público, a receita do sucesso foi traçada.O fato da música se encaixar com o filme também foi um dos pontos para o sucesso da trilha e da premiação no Oscar. A música precisa estar conectada com o filme, e estar em sintonia com o momento que ela surge no filme, e no caso de No time to die, foi exatamente isso que aconteceu.
Claro que as outras músicas também são incríveis e tiveram uma harmonização incrível nos filmes. Inclusive, Encanto, no quesito da trilha sonora, acertou muito. E mesmo que a animação não tenha levado como a melhor música original, levou como a melhor animação. Sinceramente, na nossa opinião, Encanto não foi a obra certa para a premiação que ganhou. Já tem uma crítica sobre isso aqui no site, e acho que vale a pena conferir, até para entender a nossa opinião aqui.
Para nós, Familia Mitchel deveria ter levado esta categoria. Em ambas as animações o conceito de família foi trabalhado e Encanto pecou muito ao explorar o tema. Além disso, Família Mitchel tem uma pegada diferente que merecia muito mais o prêmio. No caso de Encanto, trata-se muito mais de um filme fofinho e atraente para as crianças, do que um filme que merecia a premiação de melhor animação.
Ataque dos Cães: 12 indicações e 1 estatueta
Por fim, Jane Campion levou como melhor direção por Ataque dos Cães. A diretora mereceu muito ganhar por fazer um filme primoroso. Não apenas pelas atuações, mas a direção dela aproveitou muito o estilo da casa usada, as luzes, o ambiente e os atores em si. Através da direção, ela potencializou muito as atuações, entregando um resultado final dos personagens incrível. Ataque dos Cães foi indicado em 12 categorias, contudo esta foi a única que saiu vencedora, o que é um pouco estranho, já o filme não não foi premiado em nenhuma outra categoria, mesmo tendo sido muito bom. Ele foi muito ofuscado na premiação, e ainda assim, as atuações e categorias técnicas se destacaram de muitos outros indicados.
E você, o que achou dos vencedores do Oscar? Me conta nos comentários qual premiação você gostou mais.
Por: Yan Alves e Andreza Coelho
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