
A nova versão de ‘Amor, Sublime Amor’ é tudo menos sublime
Uma das maiores promessas de 2021, a nova versão de Amor, Sublime Amor consegue tanto impressionar quanto decepcionar. Para quem está confuso e se perguntando como assim, não há como negar o quão impecável e genial está a direção de Steven Spielberg, mas irônicamente é exatamente o sublime que faz falta nesse filme.
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Enfim, apesar de ser técnicamente fantástico, e belíssimo, ele deixa a desejar na parte mais importante de um drama tão icônico do cinema. A questão é que por mais que tente a nova história de amor não convence e muito menos nos arrebata, como a original fez.
Na verdade, parece que Spielberg se atentou a questões importantes da original, como coadjuvantes, subtramas, críticas sociais e aspectos gerais, mas se esqueceu do essencial. Desconsiderou, que ao contrário de muitos filmes, uma história de amor, e principalmente essa, precisa por si apaixonar também quem assiste. De forma que torcer pelo casal não seja uma escolha, mas sim uma necessidade. Sendo assim, por mais que seus ângulos e enquadramentos sejam lindos e quase perfeitos nem eles podem suprir a falta dessa paixão na trama.
E sim é verdade que nem tudo é culpa do reboot, já que a própria versão original tem problemas importantes de roteiro e de direção já que em muitos sentidos ela ainda parece presa ao seu passado teatral.
A nova versão é realmente melhor que a original?

Sem dúvida se levarmos em conta apenas os aspectos técnicos pode se dizer que sim ela superou e muito sua antecessora. Isso se dá por muitas razões, pela arte impecável, com figurinos lindos e condizentes com a obra; uma fotografia fantástica, que faz das luzes parte essencial da arte, referenciando sua origem teatral lindamente. Além do olhar de Spielberg que definitivamente não decepciona, entregando cenas lindas e extremamente teatrais.
Contudo, mesmo com tudo isso ele não supera o frescor e o impacto do original, que a partir das atuações de Richard Beymer (Tony) e Natalie Wood (Maria) nos convecem desse amor inabalável e arrebatador. Por outro lado, Ansel Elgort (Tony) e Rachel Zegler (Maria) não conseguem fazer o mesmo tanto pelo trabalho que desempenham quanto pelo roteiro que não funciona nos dias atuais.
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Spielberg erra ao esquecer de focar na paixão

Apesar de ser comprensível a dificuldade, não há dúvida que Spielberg, um diretor que amo de paixão e que produziu uma das minhas séries favoritas, falhou em adaptá-lo, pois foca nas partes erradas. Mesmo que acerte em pontos extremamente relevantes como o destaque a personagens coadjuvantes como Anita (Ariana DeBose), adicione a fantástica Rita Moreno como Valentina, e utilize de forma mais coerente e eficiente o musical na trama nada disso é suficiente.
Nenhuma dessas adições é capaz de carregá-lo por completo porque não remediam o principal problema, que já existia no original de forma mais suave. A verdade é que esse amor trágico e Shakeasperiano só funciona se for muito bem trabalhado. Dessa forma, é necessário uma química imbatível entre os atores, uma esplêndida direção que capte essa química, e um roteiro nos faça sentir esse amor. A nova versão acerta na segunda, mas peca nas outras duas.
Dessa maneira, era preferível que ele tivesse repensado a escalação e reconstruído essa história, ainda que isso trouxesse mudanças mais estruturais a obra original. Pois, o mais importante no fim é manter sua essência, não?
E ela não está na sequência de cenas, ou mesmo nas músicas, mas no sublime sentimento que ela é capaz de causar. Sendo assim, ainda que muito da obra original tenha ficado a parte mais importante de todas não está, e sem ela o filme perde sua alma.
É certo que alguns vão dizer que nada que Spielberg fizesse era capaz de solucionar isso, mas duvido muito.Visto que, por exemplo, a adaptação teatral de Romeu e Julieta de Guilherme Garcia conseguiu entregar uma obra contemporânea, shakesperiana e insanamente apaixonante.
Enfim, talvez no fim das contas o reboot não fosse necessário, ou talvez só não fosse o momento…
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[…] um trabalho tecnicamente impecável, mas que vai, além disso. Ao contrário do que senti em Amor, Sublime Amor, por exemplo, aqui vemos sua essência como diretor e sentimos tudo que o filme nos […]