House of the Dragon é inspirada em uma história real?
Nem todo mundo sabe, mas a maior inspiração para House of the Dragon veio de uma história real. Apesar de, até onde sabemos, não terem existido dragões por aí, toda parte política tem influência de algo que realmente aconteceu.
O próprio autor do livro, que está sendo adaptado para a série, George R. R. Martin, já comentou publicamente que tanto “As Crônicas de Gelo e Fogo“, série de livros-base de Game of Thrones, quanto o livro “Fogo & Sangue” foram inspirados em momentos históricos da monarquia inglesa.
Enquanto Game of Thrones tem como inspiração a Guerra das Duas Rosas, House of the Dragon, por sua vez, é inspirada no momento histórico conhecido como a Anarquia (via Washington Post).
“Eu me inspiro na história e então pego elementos dela e aumento. Game of Thrones é, como muitas pessoas observaram, baseado vagamente na Guerra das Duas Rosas. [House of the Dragon] é baseada em um período anterior da história chamado Anarquia. Não acho que Westeros seja particularmente mais misógino do que a vida real e o que chamamos de história.” (Via Screen Rant).
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Quais momentos históricos são esses?
Guerra das Duas Rosas (1455-1485)
A Guerra das Duas Rosas foi uma série de guerras e conflitos civis que precederam o governo dos Tudors, na Inglaterra. Esse período conturbado foi marcado pela luta entre as casas de Lancaster (representada em GOT pelos Lannister) e de York (representada pelos Stark) pelo trono inglês. A guerra recebeu esse nome devido aos símbolos das duas casas, a dos Lancasters uma rosa-vermelha, e a dos Yorks uma rosa-branca.
O conflito surgiu porque ambas as famílias reivindicavam o trono como descendentes do Rei Eduardo III. Embora os Lancaster ocupassem o trono desde 1399, a reivindicação dos York poderia nunca ter ocorrido, exceto pela instabilidade política e social que a Inglaterra enfrentava em meados do século XV.
Após a morte de Henrique V, em 1422, a situação se complicou, pois Henrique VI se tornou rei ainda bebê, resultando em um governo conduzido por um conselho aristocrático que pouco representava a população inglesa. Isso gerou insatisfação e se tornou uma oportunidade para os parentes de Henrique VI disputarem o poder, transformando a Inglaterra em um campo de batalha político.
Depois de anos de muito conflito, a guerra terminou com a ascensão da Dinastia Tudor, com a coroação de Henrique VII, descendente dos Lancaster, que se casou com Elizabeth de York, unindo as duas reivindicações. Ademais, o novo líder também fundiu as rosas das duas casas, criando um novo símbolo para representar a união e a paz que deveria reinar dali em diante.
Vale dizer que George R. R. Martin não é o primeiro a se inspirar nesse período. Por ser um momento extremamente complexo e marcante da história inglesa, ele influenciou muito a literatura e cultura britânica. Romeu e Julieta, por exemplo, tem inspiração no conflito das duas famílias.
Anarquia (1135-1154)
Já esse momento histórico aconteceu muito antes da Guerra das Rosas. A Anarquia – termo dado por historiadores à época – foi um tempo de guerra civil e desordem na Inglaterra.
Nela, durante duas décadas, um homem e uma mulher disputaram pelo trono inglês, como estamos vendo em House of the Dragon. Tudo começou quando, em 1135, o Rei Henrique I faleceu, deixando como única herdeira sua filha, Matilda.
Apesar dos desejos do antigo rei, quem foi coroado como seu sucessor foi Estêvão de Blois, sobrinho do antigo monarca e primo da herdeira legítima. O golpe político deu certo por conta do forte apoio da Igreja e da corte à reivindicação dele.
Apesar de Estêvão ter tomado medidas para consolidar seu governo, seu comando ficou marcado por uma onda de agitação social e fragmentação política. A reivindicação de Matilda persistiu por todo o reinado de Estêvão, visto que ela nunca abdicou de seu lugar de direito.
Sendo assim, o reinado dele foi marcado por conflitos com os apoiadores de Matilda e por agitações sociais. Além disso, registros indicam que sua incapacidade de tomar decisões difíceis inevitavelmente levou ao caos durante seu reinado, já que a nobreza usava essa característica para seu próprio ganho.
Finalmente, a guerra terminou quando Eustáquio, herdeiro de Estêvão de Blois, faleceu, o que levou o rei a assinar o Tratado de Wallingford. Esse tratado nomeou o filho de Matilda como seu herdeiro. Henrique II se tornou rei, como esperado, após a morte de Estevão.
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Então, tudo que é medieval nas séries é inspirado na vida real?
Não exatamente. Apesar da inspiração em momentos históricos, é importante dizer que nem tudo que vemos em House of the Dragon ou Game of Thrones é historicamente preciso, segundo historiadores. Não que seja necessário, visto que temos dragões, o que coloca a série claramente no campo da ficção.
No entanto, vale ressaltar que algumas representações inspiradas diretamente na época medieval não são fiéis a como realmente aconteciam no período. Por exemplo, a polêmica cesariana que Aemma recebe na primeira temporada do prequel, dificilmente seria realizada na Idade Medieval.
Sendo assim, o que é relevante considerar é que House of the Dragon e Game of Thrones são séries fictícias, que usam esse período como inspiração e não como base. Portanto, não podemos usá-las como referência para entender esse momento histórico, pois as séries tomam liberdades criativas significativas para aumentar o drama e o apelo narrativo, exagerando em muita coisa e trazendo falsas percepções do período.
Caso queiram entender melhor a época, a melhor maneira é pegar um bom e velho livro de história e ler. Não que isso impeça a gente de amar séries épicas levemente inspiradas na realidade, como House of the Dragon e Reign. Qual sua série histórica favorita? Me conta aqui embaixo.