Crítica I As Verdades é um retrato brasileiro instigante
As Verdades é o novo lançamento da produtora Gullane, que chega aos cinemas no dia 30 de junho. O filme conta com direção de José Eduardo Belmonte, conhecido pela série Carcereiros e o filme Alemão. Além disso, em seu elenco, podemos ver figuras conhecidas como Lázaro Ramos, Bianca Bin e Drica Moraes.
O filme segue a fórmula Rashomon, originada de um conto japonês do início do século XX, onde a obra é retratada a partir das diferentes perspectivas dos envolvidos. Neste caso, um crime ocorrido no interior da Bahia, trazendo toda brasilidade do sertão.
Josué (Lázaro Ramos) é um delegado recém-chegado, mas já com uma história com a cidade. Seu primeiro caso é o atropelamento e tentativa de homicídio do candidato a prefeito Valmir (Zé Carlos Machado). Durante a investigação observamos a versão de Cicero (Thomás Aquino), um assassino de aluguel, e Francisca (Bianca Bin), a noiva da vítima. Além disso, Valmir sobreviveu e em algum ponto estará pronto para contar sua própria visão do fato.
Uma produção Impecável
Os grandes nomes numa produção sempre nos causam certo nível de expectativas e, em As Verdades, ela se cumpre com uma imagem e fotografia quase surrealista.
Desde a atuação de Lázaro Ramos, cujo personagem está exausto e demonstra apatia, algo diferente do que esperamos quando ouvimos esse nome, mas que o ator cumpri muito bem, até a de Bianca Bin que nos faz duvidar dela, por conta da insegurança da própria personagem que finge para si mesma um conto de fadas.
Passando por Thomas Aquino que, cumprindo um papel um tanto caricato, consegue expressar com realidade a diferença entre as versões do Crime. Edvana Carvalho, por sua vez, também deixa a sua marca a cada aparição. Outra que não podemos nos esquecer é a Drica Moraes, que demonstra todo seu brilhantismo em uma personagem complexa e capaz de mexer com nossas emoções.
Entretanto, o destaque não é só mérito do elenco, mas também da direção brilhante de José Eduardo Belmonte, que conseguiu transformar um filme com uma temática um tanto árida, em algo belo e emocional.
Por trás de todas As Verdades de um Crime há uma crítica social
Não apenas entre verdades e mentiras se desenvolve a história, mas entre meias-verdades, segredos e percepções. Ao longo da trama há pontos daquelas versões que eles acreditavam ser reais, provando que não é apenas sobre o certo e o errado, mas também uma interpretação instintiva de cada um.
Entretanto, os pontos de vistas montam uma narrativa até a culminação do delito, e este, unido com os momentos do presente da investigação, expõe mais do que apenas o crime. Mostra uma sociedade crua e amarga, que com suas disfuncionalidades molda seus personagens pelo abuso.
Mas a parte mais genial é essa subtrama que só dá indícios ignoráveis no começo do filme, mas ao chegarmos no clímax, faz finalmente sentido. Justificando tudo e fazendo uma denúncia à violência contra a mulher.
As Verdades é lindo, verdadeiro e instigante. Retrata o Brasil em sua realidade, ou seja, desigual e agridoce. No entanto, apesar de girar em torno de um crime, não é um filme investigativo. A obra está mais preocupada com os personagens em seus sofrimentos. É nos detalhes que o filme alcança seu ápice.
Prontos para ver esse filme com roteiro de Pedro Furtado e 1:40h de duração?
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