Por que os franceses odiaram ‘Napoleão’?
Os amantes de dramatizações históricas e distopias futurísticas já devem estar familiarizados com os trabalhos de Ridley Scott. O diretor foi responsável por clássicos do nosso cinema ocidental como: Gladiador, Robin Hood, Blade Runner, Thelma e Louise, entre outros. No último ano, ele lançou: Napoleão, que vem gerando polêmica entre os franceses, que, no geral, odiaram o filme.
Intrigada com isso, resolvi tirar essa história a limpo, então se você, como eu, quer entender melhor essa história toda, fica aqui e descobre comigo.
Antes de tudo, o que vemos no filme?
Como o nome indica, o filme é sobre Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), estadista e líder militar francês entre 1799 a 1815, conhecido pela sua expansão militar. Portanto, ele marcou a história da Europa e especialmente da França. Seu destaque começou na Revolução Francesa, tendo também sido chefe de estado como Imperador e liderado inúmeras incursões militares no território europeu.
Apesar da sua importância militar, o filme conta a história dele a partir de seu relacionamento com sua esposa, Josephine (Vanessa Kirby), deixando a política como um pano de fundo. Essa decisão criativa é um dos pontos de crítica dos que não gostaram de Napoleão. Como resumir a história de um líder militar a um relacionamento? Será mesmo uma boa ideia? Só assistindo para saber.
Leia Mais: Crítica | O Último Duelo
Qual foi a recepção do filme?
As críticas ao filme tem dividido as pessoas. Alguns acharam a obra sensacional, outros viram muitos problemas e erros históricos. Independente da opinião, ele foi um grande sucesso com o público, tendo batido US$ 170 milhões no mundo todo em menos de um mês nas telonas.
Além disso, Napoleão teve 58% de aprovação no Rotten Tomatoes e ficou no Top 2 do Ranking de filmes mais assistidos nos Estados Unidos em sua estreia. Uma recepção ótima ainda que dividida.
E os franceses?
Sabendo do sucesso do filme pelo mundo, fica a dúvida, por que o público francês não gostou?
Bom, os críticos do país pontuaram questões como o sotaque americano, demonstraram também descontentamento e menosprezo pelo enfoque do filme ser na relação de Napoleão e Josephine. Outra questão levantada por eles é que o filme é anti-francês, por não representar os valores e a história francesa de uma maneira fiel.
Ademais, no geral, os franceses tendem a criticar muito produções que envolvem seus personagens históricos ou até mesmo seu país feita por estrangeiros. A série Emily in Paris, por exemplo, sofreu muitas críticas, pela representação estereotipada dos franceses. Por fim, mostrando que os franceses não odiaram apenas Napoleão, mas qualquer representação do seu povo ou história feitas pelos EUA.
Apesar de nacionalista, é em parte compreensível, pois não seria a primeira vez que Hollywood usa a história de outro país para lucrar e nem sequer se preocupa em ser devidamente fiel aos acontecimentos históricos. Ainda que um filme de ficção não tenha compromisso com os fatos históricos, o respeito a história deve sempre existir e caso Napoleão tenha ultrapassado essa linha, os franceses podem não estar tão errados de criticar. Outro ponto que vale adicionar é o criar um filme sobre um país e não utilizar atores do mesmo, a língua do mesmo, de fato gera um estranhamento. É ver sua história ser narrada por outros. Tudo isso torna muito compreensível o aborrecimento dos franceses com o filme de Ridley Scott.
O que diz o diretor sobre essas críticas?
Ridley Scott não poupou palavras para responder os que julgam o filme. Em entrevista para BBC, ele disse:
“Os franceses não gostam nem si mesmos (…) O público para o qual exibi o filme em Paris adorou.”
Ridley Scott à BBC.
O que mostra que ele não se abalou nem um pouco com os comentários negativos.
E houve mais críticas negativas?
Sim, outros que desgostaram do filme foram os historiadores que se aborreceram com as liberdades artísticas do diretor. Dan Snow, um historiador que faz vídeos no Tik Tok, produziu um conteúdo confrontando a obra com a realidade, ele apontou elementos como a presença do imperador na decapitação de Maria Antonieta e o quanto ele conquistou realmente de território. Apesar do tom leve e descontraído do vídeo, Ridley Scott teria reagido dizendo que o historiador deveria procurar o que fazer.
Como historiadora, eu confesso que às vezes me revolto um pouco com algumas representações de figuras históricas e sociedades, porém, aprendi muito a separar o que é arte inspirada na História de uma produção documental. A primeira não tem compromisso com a veracidade e sim com criar uma narrativa atraente e envolvente para o público, logo não pode receber as exigências de uma obra científica.
Entendo as críticas, me preocupo com elas, mas ainda assim acredito que o filme é bom e estou ansiosa para assisti-lo. Sou muito fã do trabalho do diretor e adoro dramatizações históricas. Agora gostaria de saber o que você acha de tudo isso.
Se já assistiu ao filme, me conta o que achou nos comentários. Será que os franceses têm razão em terem odiado Napoleão? Quem não assistiu, ainda acha que vale a pena? Me conta nos comentários.