How I Met Your Mother: Depoimento sobre como personagens falam com a gente
É engraçado como as séries se comunicam com a gente, com quem somos e com o que queremos, há mais de sete anos a Letícia de dezoito anos via How I Met Your Mother pela primeira vez. E Deus, ela não tinha ideia de quanto essa série significaria para ela.
Por enquanto chega de falar de si mesma na terceira pessoa, que isso não é nem um pouco awesome, e vamos ao que interessa nessa matéria vou compartilhar com vocês as milhões de sensações que essa série desperta em mim. E explorar um pouco dos dois personagens mais odiados pelo fandom de How I Met Your Mother: Robin e Ted.
Duas pessoas completamente diferentes, mas que representam muito do que já fomos ou ainda somos. A verdade é que todos já fomos um Ted ou uma Robin em um relacionamento, e alguns de nós os dois.
Leia Mais: Segundo pesquisa, The Office é a sitcom mais engraçada de todas
O Poder da Identificação: Ted
Desde o momento que eu comecei até o momento que terminei, me vi na dor do Ted, na sua intensidade incompreendida, no seu sofrimento em cada paixão e principalmente na dor de amar a Robin e não poder estar com ela por quererem coisas diferentes, e serem também muito diferentes.
Na época eu nem entendia ou raciocinava nada disso, eu só ria, shippava os dois, mas o que eu não entendi na época era porque era tão importante para mim que o Ted encontrasse a felicidade e que ela de preferência fosse com a Robin.
Bem, naquele momento eu tinha abdicado de um amor, não de um que existia de fato como relacionamento, mas um amor platônico que me destruiu por anos e que por mais que eu tentasse não conseguia deixar para trás.
Naquele momento eu era intensa, apaixonada e tudo o que eu precisava era ver algo que me mostrasse que daria certo no final. Assistir Ted errar e acertar, se tornou uma catarse da minha própria dor, eu entendia seu sofrimento e vibrava com sua felicidade.
Eu não achava louco ele dizer Eu te amo no primeiro encontro achava incrível e sentia meus sentimentos validados. Como se não tivesse sozinha com eles. Naquele momento tudo que eu precisava era de alguém dizendo que tudo ia ficar bem e que eu podia sofrer por isso.
Diferente do que eu encontrava com meus amigos na época. Ver a série foi terapêutico me ajudou a seguir em frente, me ajudou a acreditar que:
“Se é para acontecer, vai acontecer quando tiver que acontecer.”
Apreendendo com os Erros do Ted
E por mais que o Ted tenha passado da linha, e feito coisas que hoje eu percebo como degradantes e obssessivas, naquela época era quem eu era, era quem eu precisava acreditar que também existia. Ele fez chover por ela, lutou por ela até não poder mais, abdicou de si sem que ela pedisse por isso, e meu Deus como isso me tocou.
Se eu tivesse tido a chance provavelmente teria feito o mesmo, e foi nas atitudes dele que eu comecei a aprender que precisava mudar. Que enfim eu precisava ser menos emocionada, pensar mais em mim e não entregar todo meu amor-próprio nas mãos da retribuição de outra pessoa.
Assim, aprendi que a busca por uma história de amor idealizada não podia me impedir de viver e de encontrar a felicidade. Mas o mais incrível de tudo é saber que posso seguir todos os meus sonhos e ainda assim encontrar o amor, como os dois fizeram.
O Poder da Identificação: Robin
Enfim, em meio a esses tantos aprendizados fui me tornando um pouco a Robin. Apesar de gostar dela desde o início, é bizarro como aos poucos eu comecei a compreender as atitudes que eu mesma julguei. É verdade que eu costumava, como o Ted, querer um relacionamento mais do que tudo na minha vida. E aí me decepcionei com a busca pelo amor como o Ted e me apaixonei pelos meus próprios projetos e pela minha própria companhia.
Da pessoa que não se via sem um relacionamento virei a pessoa que não se via um. Naturalmente eu virei a pessoa que bota a carreira em primeiro lugar sem pestanejar, que ama trabalhar e que dificilmente se envolve com outras pessoas. Como a Robin, tenho medo de relacionamentos, quase nunca sei lidar ou entender muito bem o que eu sinto. Sou a pessoa que não sabe bem demonstrar o que sente, que foge, que nunca sabe a hora certa de dizer algo e quase sempre está confusa.
Em suma, os dois personagens são extremos, lados completamente opostos, que podem existir dentro de uma mesma pessoa. E que é preciso tentar compreender, é fácil julgar e escolher um lado quando não se compreende o outro.
Robin e seu amor “incompreendido” pelo Ted
Hoje no lugar da Robin entendo que seu amor pelo Ted sempre esteve ali. E que talvez ela nunca tenha feito chover, ou feito grandes gestos, mas isso não faz do seu amor menor. Robin não é o Ted e não faz sentido esperar dela as mesmas atitudes, ou o mesmo tipo de atitudes.
Nas primeiras temporadas fica mais do que claro seus sentimentos, e depois eles seguem ali seja no respeito, na preocupação e/ou na amizade que ela sempre demonstra por ele. Enfim, terminar com ele foi tão difícil para ela quanto para ele, mas quando você se envolve como alguém como o Ted alguém precisa ser o “vilão” da relação, o que tenta enxergar as coisas como elas são.
Desde o início Robin foi clara sobre seus objetivos e intenções, mas o Ted preferiu não as ouvir, porque só queria estar com ela, mas uma hora essas diferenças voltariam e voltaram. A verdade é que Ted nunca a deixaria a ir se soubesse que ainda existia uma chance.
E por isso que ela não podia dar esperanças a ele, seus sentimentos tiveram que ser diminuídos para que eles pudessem continuar a ser amigos. O sacrifício que ela fez foi a maior prova do amor que ela sentia, ainda que quase ninguém enxergue isso.
É fácil julgá-la quando você é um Ted, mas quando você entende a Robin. Entende a pressão que é ser amada por alguém como o Ted, alguém que abdicaria de tudo para estar com você e que te olha com total dependência emocional. É fácil compreender o pavor e grande parte dos erros que ela comete. Não é fácil ser uma Robin em um mundo de Teds.
Reflexões e Aprendizados
Em muitos sentidos Robin seguiu em frente com o Barney e Ted também com a Tracy. O final dos dois, apesar de problemático na construção, tem uma mensagem muito bonita. Não quer dizer que ele nunca amou a Tracy, ou que a Robin não amou o Barney, mas que a vida não é feita pela busca de um único grande amor, não é simples desse jeito.
O amor é complexo, sentimentos vão e vem, de acordo com o momento que estamos. Ted superou Robin quando foi necessário e teve uma linda história de amor com a Tracy, um amor que nunca teve um fim. Nenhum sentimento desvalida o outro, porque a vida não é sobre encontrar sua alma gêmea, mas sobre ser feliz, seja sozinho ou quem precisamos naquele momento.
Enfim, quando Robin e Ted se conheceram eles queriam coisas diferentes e cada um buscou o que precisava. Viveram tudo que precisavam viver e no final se encontraram de novo. Porque no fim se for para acontecer vai acontecer quando tiver que acontecer.
1 Comment
[…] Leia Mais: How I Met Your Mother: Depoimento sobre como personagens falam com a gente […]