Os Rejeitados | Indicação de Filme da semana
Os Rejeitados pode não ter sido um dos filmes mais comentados do Oscar, mas com sua mensagem a obra deixou um impacto em mim que quero muito compartilhar.
Com pouco mais de duas horas, o longa, dirigido por Alexander Payne (Os Descendentes), nos apresenta uma história sobre solidão e pertencimento, sobre a necessidade que todo ser humano tem de ser acolhido e respeitado, sejam quais forem suas vivências e características.
Assim, com essa premissa, somos tocados por uma história que remete a muitos sentimentos, que todos nós já sentimos em algum momento, como rejeição, inadequação e até raiva. E é por trazer tudo isso à tona que o filme se torna cada vez mais marcante quanto mais você reflete sobre ele.
Entendi, mas qual a história de Os Rejeitados?
É Natal, e apesar do que os filmes da Hallmark nos apresentam todos os anos, nem tudo é mágica e nem tão simples. A verdade é que as festas não são um período bom para todos, para algumas pessoas o Natal é uma época difícil, marcado pela solidão e pelo luto, e é essa perspectiva que Os Rejeitados vem explorar.
Nessa história, três personagens com vidas muito difíceis e diferentes se unem nessa data, a princípio por falta de opção, mas acabam encontrando um no outro o acolhimento e pertencimento que precisam para seguir em frente e evoluírem como seres humanos.
Paul Hunham (Paul Giamatti) é um professor rígido e estranho, Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph) é a cozinheira da escola, ainda em luto pela morte do filho, e Angus (Dominic Sessa) é um adolescente rebelde de luto pela morte do pai. Caso não ficassem sozinhos, os três provavelmente nunca conviveriam, mas o fato de serem obrigados a fazer isso por conta do feriado de natal traz uma perspectiva completamente nova para eles.
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Uma Dramédia gostosa de assistir
Com tudo que eu disse, você pode ter achado que é um filme dramático e super pesado, e em alguns sentidos até é, mas, no geral, Os Rejeitados consegue equilibrar muito bem drama e comédia. Provocando em quem assiste muitas risadas, mas também muitos momentos de reflexão por conta das camadas e peso dos seus personagens.
Camadas que percebemos através das atuações magníficas desse trio de protagonistas. Paul Giamatti entrega um professor amargurado, autoritário e estranho como ninguém. Nos apresenta tanto o lado difícil dele quanto um homem de emoções frágeis e com capacidade de sentir empatia pelo próximo — transição que vemos com muita naturalidade na obra pelo excelente trabalho de roteiro, direção e também de interpretação.
Mas quem realmente rouba a cena é Da’Vine Joy Randolph, não à toa vencedora do Oscar, sua interpretação de uma mãe em luto que foge do convencional. Apesar do que lhe aconteceu, Mary Lamb se esforça para seguir com sua vida e ser forte pelo filho, que não gostaria de vê-la sofrendo. Sua força e sofrimento são os elementos-chave para que a narrativa se torne tão marcante.
Por último, vale destacar Dominic Sessa, que estreia no cinema, mas ainda assim entrega uma performance cheia de humor, delicadeza e sentimento. E ainda que o elenco e a mensagem sejam os pontos altos desse filme, preciso elogiar mais uma coisinha.
Menção honrosa à direção
Alexander Payne adota uma abordagem diferente ao filmar em 75mm de filme, o que transporta o espectador de volta aos anos setenta com muito realismo. Essa escolha cria uma atmosfera muito parecida com filmes renomados que exploram as relações entre professores e alunos, como “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989).
Porém, vai além disso, ao trazer uma narrativa nem sempre abordada, conseguimos discutir diversas questões, como conflitos geracionais, abandono parental e até a dinâmica de poder de uma hierarquia escolar. Tudo isso faz de Os Rejeitados um daqueles filmes que recomendo ver com muita atenção. Pois, suas discussões e reflexões podem, e muito provavelmente vão, abrir seus horizontes.
Já assistiu ao filme? Me conta nos comentários o que achou dele!