Pirataria de Livros Nacionais: Crime ou Democratização da Arte?
Entra ano, sai ano e a polêmica sobre pirataria nunca sai de moda. Quando o assunto é literatura nacional, então… A discussão se torna uma batalha! De um lado, temos autores, que insistem que publicar um livro custa caro e é injusto não lucrarem com seu trabalho. Do outro, temos leitores que alegam não ter condições de pagar para ter acesso à cultura e que a pirataria de livros é a única forma de ler títulos consagrados.
O problema é que a questão é bem mais profunda do que isso
Porque a pirataria não é sobre tornar a literatura nacional acessível, mas sobre ela não ser prioridade na vida do leitor. Quando um autor gringo famoso lança livro em pré-venda custando uma pequena fortuna, os bookstragrammers brasileiros lotam o feed alheio ostentando a compra, como se fosse um tesouro raro e valioso. Quando um autor nacional lança seu livro custando a metade do preço, não vemos o mesmo entusiasmo. Então, qual é a diferença? Por que o livro do autor gringo consagrado vale o investimento e o do autor nacional não? Pode ser reflexo do Complexo de Vira-Lata (já conversamos sobre isso aqui), mas, mais do que isso, trata-se de uma desculpa já pronta: a literatura nacional custa caro!
Tudo bem, nem todos têm condições de gastar cinquenta reais em um livro. O problema é quando a pessoa pode arcar com o custo, mas não quer. Quando ela faz questão de ostentar o livro X na sua estante, mas baixa ilegalmente o livro Y, porque esse autor não é famoso e ter o livro dele na estante não proporciona o mesmo glamour.
E é aí que temos o X da questão. Um livro custa caro para ser publicado. O autor precisa arcar com gastos altos para publicar: revisão, diagramação, uma capa chamativa, leitura crítica, registro, impressão (quando se trata de livro físico)… Dessa forma, estima-se que, para publicar um livro digital, um autor gaste entre R$500 e R$1000. Cada vez que alguém lê seu livro de forma pirateada, é uma venda a menos, uma chance a menos de retornar seu investimento, um passo mais longe de lucrar com seu trabalho. Porque escrever livros e publicá-los é isso: um trabalho.
Autores nacionais não são instituições de caridade!
Não é justo exigir que eles vendam seus livros a R$1,99 para atrair leitores e impedir a pirataria (como vem acontecendo muito. Basta olhar os mais vendidos da Amazon para ver esse fenômeno). Até porque, se essa fosse a solução, esses mesmos livros que custam valores tão irrisórios não seriam compartilhados ilegalmente. E eles são, o que só endossa a teoria de que o problema não é o valor cobrado, mas o pouco respeito que se dá a esse tipo de obra.
Para aqueles que realmente não têm condições de investir em literatura, opções de leitura gratuitas não faltam. Além de plataformas digitais, como o Wattpad, por exemplo, onde é possível ler sem nenhum custo, os próprios autores da Amazon costumam deixar suas obras gratuitas de tempos em tempos. Basta acompanhá-los nas redes sociais para saber quando isso acontece. O próprio site divulga uma lista com todas essas obras diariamente. E é coisa pra caramba!
O que não dá mais para engolir é o contrabando de livros digitais, com a desculpa esfarrapada de que é em prol da democratização da literatura. Quando o interesse em tornar a leitura um direito de todos só envolve obras de autores brasileiros independentes, a causa deixa de ser nobre e passa a ser apenas injusta e preconceituosa.
Qual sua opinião sobre isso? Comenta aqui embaixo!
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