Você precisa ler: Cidade de Vidro da Editora Mino

Olá turners, para quem estava com saudade das nossas resenhas hoje é dia de mais uma! E já adianto que essa é mais do que só uma crítica, é também uma recomendação de uma obra que sem dúvida me conquistou. Enfim, Cidade de Vidro, da Editora Mino, pode ter o mesmo nome que um dos livros de Instrumentos Mortais, mas a semelhança para por aí.

Já aviso, porque enfrentei muita confusão comentando com amigos quando comecei a leitura da HQ, que entrega uma leitura muito mais densa que seu homônimo. Com 144 páginas, Cidade de Vidro apresenta uma trama cheia de mistérios, dúvidas e de uma intensidade que torna difícil abandonar a leitura.

Sobre o que se trata o livro?

A partir de um texto extremamente forte e inteligente, não à toa indicado ao prêmio Edgar, conhecemos Quinn, um escritor de romances de mistérios com um passado melancólico e complicado que se conformou em viver apenas nas suas histórias. Enfim, tudo muda quando numa noite ele recebe uma ligação de uma voz desconhecida que pede ajuda a ele.

Desse momento em diante ele embarca numa aventura tão confusa quanto desafiadora, e é essa imersão intensa e instigante que não nos deixa abandonar a leitura do início ao fim. Dessa maneira, começamos a ter as mesmas dúvidas que ele, e tentamos a nosso próprio modo encontrar significados em coisas que provavelmente nunca desvendaremos.

Em suma, Cidade de Vidro consegue ser uma metáfora para muitos dos nossos conflitos, traumas não resolvidos e  obsessões internas, pois se você não tratá-los da forma devida eles consumirão você, como consomem Quinn a cada página lida.

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A Sinergia Perfeita entre Arte e Texto

Apesar do texto de Auster não ser originalmente para o formato de HQ, é extremamente importante elogiar o trabalho de adaptação do mestre Paul Karasik (How to Read Nancy) e da arte fantástica do renomado David Mazzucchelli (Asterios Polyp, Batman: Ano Um), pois tanto texto como arte se completam perfeitamente, colaborando numa experiência de leitura rápida e intensa. A forma como a arte ilustra a cidade de Nova York, e as sensações de Quinn, são sem dúvida um dos pontos altos da leitura.

Dessa maneira, a HQ impressiona por sua profundidade e também pela forma como se adequou a uma linguagem tão diferente. Não é incomum que obras da literatura sejam adaptadas à linguagem dos quadrinhos, mas nem todas se encaixam tão bem numa linguagem tão visual e diferente.

Uma nova edição pra lá de necessária

Da capa dura a todo o material do livro, a qualidade e cuidado da Editora Mino também precisam ser ressaltados. Mesmo para quem não conhece o quanto a obra marcou e influenciou o universo das HQs, é impossível não se impressionar e se instigar com uma capa que brinca com tons e informações sobre a obra.

Por que todos devem ler?

Durante toda a obra, Mazzucchelli recheia seus desenhos com elementos que garantem uma leitura fluída e recheada de detalhes sobre os mistérios e personagens. Por exemplo, usando da metáfora do labirinto o enredo mostra como podemos facilmente nos perder diante das inúmeras versões de nós mesmos. Mais que isso, como nossa mente e a forma como nos comunicamos podem ser verdadeiras armadilhas.

Assim, com uma trama que gira em torno de um escritor que não sabe mais quem é, além de suas histórias e medos, somos convidados a refletir sobre nós mesmos. A cada página devorada, quanto mais Quinn se perde em si mesmo, nos perguntamos até que ponto não estamos fazendo o mesmo que ele, em menor escala.

Com esse questionamento encerro essa resenha, recomendando esse livro a todos que procuram uma leitura densa, porém rápida e reflexiva! Definitivamente você não vai se arrepender!