Crítica | Capitã Marvel: “Higher, Further, Faster, Baby!”
Finalmente Capitã Marvel está entre nós, e eu sei que você, fã da Marvel, estava tão ansioso quanto a gente pra ver essa nova heroína em ação e também pra ter novas pistas do que vai acontecer em Vingadores: Ultimato.
E a heroína já chegou com números impressionantes aqui no Brasil e no mundo. Em seu final de semana de estréia, foram mais de 2,9 milhões de espectadores e uma renda de R$51,5 milhões. Com este resultado, o Brasil se colocou como o 4º maior mercado internacional do filme com US$ 13.4M, atrás apenas de China (US$ 89.3M), Coréia do Sul (US$ 24.1M) e Inglaterra (US$ 16.8M).
Enredo e Narrativa
A trama nos introduz a personagem Carol Danvers (ou Vers, como é chamada pelos Krees), que é uma mulher forte e excelente lutadora, porém algo a distancia de ser perfeita, que são suas em ações que a levam à distração no meio do combate. Ela foi recrutada pelos Krees para servir ao exército de elite, mas em uma missão especial na luta contra os Skrulls – outra raça alienígena com capacidade de transformação em qualquer outra forma de vida -, Carol acaba por cair na Terra, onde contará com a ajuda do nosso querido Nick Fury para concluir a caça pelos Skrulls e, de quebra, descobrir informações sobre seu passado, que foram esquecidas pela nossa heroína.
O filme se passa nos anos 90, ambientação que ainda não tinha sido explorada no Universo Cinematográfico. Por isso, o filme conta com alguns elementos que nos lembram ao longo da trama a sensação nostálgica de viver naquele momento. Apesar disso, o filme apenas dá uma pincelada nesse detalhe de época, e acaba sendo meio indiferente o pano de fundo que eles tentaram dar pra trama.
Outra informação que precisa ser considerada é que esse é um filme de origem. Estamos sendo introduzidos a mais um elemento importante na história do Studio, mas a forma que foi escolhida para narrar a trama foi diferente das já utilizadas pela Marvel. Ao longo do filme vamos revisitando, junto com a própria Capitã, informações relevantes à sua história. E eu, particularmente, gosto dessa nova forma de mostrar a origem da personagem, enquanto ela mesma, que já sabe que é forte, vai se (re)descobrindo e vendo o quão poderosa de fato ela é.
E como está o tom do filme?
A Marvel é famosa por filmes com tons bem descontraídos. E tudo bem, porque afinal de contas nós não vamos pro cinema assistir um filme de herói pra ser 100% sério não é mesmo? (aló dona DC!). Capitã Marvel não é muito diferente disso, mas acredito eu que ao longo do tempo a empresa foi sabendo a melhor forma de aplicar o humor de acordo com o personagem da qual ela está retratando. Nesse filme, a Capitã possui algumas questões que eu gostaria de destacar sobre esse tópico.
Primeiro é que Carol Danvers é “seca” e “irônica”. Não como o Tony Stark, mas como uma mulher que marcada por diversas situações se tornou assim. Ela perde suas memórias mais importantes, aquelas que determinam quem ela é e como ela chegou até aquele momento, e isso pode ser muito traumático para alguém, não acha?
A segunda questão é que em MUITOS momentos do filme, Vers é jogada à esse papel de sem sentimentos. Em muitas cenas, ela é chamada de sentimental, e que esse sentimentalismo seriam um impeditivo de avanço nas características de guerreira Kree. Pro observador com um olhar mais sensível, quando alguém te diz todo tempo pra você ser menos emotivo, o que seria o mais prudente de se fazer?
Esses fatores acabam atribuindo uma característica na personagem de rigidez, e por isso a própria Brie Larson tem recebido muitos comentários negativos direcionados à sua atuação. Sinceramente, não é uma atuação excelente, mas faz completo sentido no contexto do filme, e acredito que ao longo das próximas aparições da Capitã nos cinemas, tanto a Brie quanto a Capitã estejam mais confortáveis com os postos que elas assumem no Universo.
Detalhes
Nessa trama, conseguimos ver a origem também de algumas coisas do Universo.
A S.H.I.E.L.D. ainda está iniciando suas atividades. Dessa maneira, muitas das características que vemos nos filmes anteriores ainda não foram construídas, o que torna bem bacana de se assistir. Por exemplo, o próprio Fury está bem diferente, como um adulto ainda um tanto desastrado e completamente diferente do herói que conhecemos. Além da Capitã aprender fortes lições nesse filme, o Nick também tem seus momentos de aprendizado (sem spoilers rs.)
Para quem não sabe, esse filme tem um valor simbólico para além das telas, sendo o primeiro da Marvel a ter uma heroína como protagonista. Dessa maneira, traz como bagagem questões feministas, todas apresentadas de forma sutil na trama. Considerando que o quão positivo foi o efeito Pantera Negra, porque não continuar com isso agora com o foco feminino?
Considerações Gerais
Os efeitos visuais não são os melhores, confesso.
Dá pra ver que a produção teve preocupação com alguns detalhes bem legais, como por exemplo, em cenas com água/areia/vento/fogo. Nelas podemos ver na tela os detalhes sem precisar estar em uma sessão 3D, e isso é bem bacana. Porém, apesar disso o filme não se saiu tão bem quanto poderia nisso.
Considerando que a Marvel já concorreu ao Oscar de melhores efeitos visuais por Guerra Infinita, o resultado final poderia ser melhor. Fazer o que né? Deixa pra próxima. Enfim, as cenas de ação são satisfatórias, mas não vá ao cinema pensando que esse é o forte do filme, porque você pode se decepcionar.
Basicamente, Capitã Marvel é um bom filme pra proposta de se falar de origem, mas não está entre os melhores do MCU. A trama é bem redonda, faltando um toque de inovação, mas sem deixar a desejar. Apesar de toda expectativa da Capitã ser invencível, no filme podemos ver que ela não é, porém isso não é um problema. Na verdade, suas fraquezas dão equilíbrio a balança, e tornam mais fácil gostar da personagem.
Assim, a nota geral é 4, pois o filme é bom, mas poderia ser infinitamente melhor. Porém talvez o gosto de quero mais que complete a ilustre entrada de Carol Denvers em Vingadores: Ultimato.