Crítica | Ad Astra: Rumo Às Estrelas
Apesar do que pode parecer a um leigo, Ad Astra não é uma história sobre espaço. Ao menos não apenas isso, é um filme sobre uma jornada de auto conhecimento e humanidade, que conta a partir das expressões e narrações tudo aquilo que mesmo não dito é contado.
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O Enredo
“Ad Astra: Rumo as Estrelas” nos apresenta Roy McBride (Brad Pitt), um astronauta, que viaja para os limites do sistema solar para encontrar seu pai desaparecido e desvendar um mistério que ameaça a sobrevivência do nosso planeta.
Como era de se esperar de um filme do James Gray (Z: A Cidade Perdida, 2016) a temática família é um dos pontos principais da trama. Roy é o filho de um herói, que acha que tem muito a provar e orgulhar.
Brad Pitt e a Direção
Toda essa expectativa e necessidade é demonstrada muito bem pela maneira como o diretor escolheu focar nas expressões do Brad Pitt em contraponto com o ambiente estéril e praticamente imutável das naves especiais. A escolha do Brad Pitt também foi um grande acerto, me surpreendi com a profundidade da sua atuação, ele nos mostrou alguém ferido que aprendeu que é mais importante parecer do que realmente estar bem.
Por outro lado, apresenta um enredo com algumas coisas pouco criveis e peca na falta de desenvolvimento dos outros personagens. E ainda que tenha sido em parte intencional, acredito que um foco em algo além que o Roy daria um tom mais empático, profundo e talvez menos clichê ao filme.
A Beleza dos Falsos Heróis
Apesar disso, o filme é esteticamente impecável, tanto em relação a efeitos quanto a fotografia. Definitivamente o espaço está encantador, mas não é nele que está toda sua magia. Enfim, a beleza de Ad Astra está na desconstrução dos heróis. Enfim, o filme aborda como eles não existem de fato, são só pessoas tentando tomar as melhores decisões possíveis em cenários altamente complexos.
Ad Astra critica a obediência sem questionamento, o uso de regras para justificar ações antiéticas e até um tanto inumanas. Seguir um protocolo é justificativa o suficiente para tirar uma vida, por exemplo?
Assim, o filme levanta esse questionamento, enquanto relaciona a vida pessoal e profissional do protagonista. Apesar do que Roy tenta fazer parecer as duas estão diretamente conectadas uma a outra. Dessa maneira, sua relação complicada com seu pai está presente em vários momentos da sua vida e em traços da sua personalidade.
Ad Astra aborda o quanto realmente conhecemos e idealizamos sobre os nossos pais. É uma história sobre humanos e sua eterna busca por algo mais, por algo que prove o que acreditamos. Porém, o filme peca no ritmo e no excesso de voz off. No primeiro caso é muito lento e o segundo revela demais, quando a graça do longa está na atmosfera intimista do não dito.
Enfim, é um filme simples com fortes signos, capazes de gerar reflexão sobre quem somos e como nos relacionamos com nossos familiares. No geral, toca a seu próprio modo, mas não encanta ou se eterniza.
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