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 Medida Provisória, qual o limite entre a distopia e realidade?
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Medida Provisória, qual o limite entre a distopia e realidade?

25 de maio de 2022 2Comentários

Olá, Turneiros, tudo bom? Chegou o momento de falar do mais novo filme de Lázaro Ramos, o filme Medida Provisória. Ele é uma adaptação da peça “Namíbia, Não!“, que o diretor dirigiu para o teatro em 2011, e que tem dado muito o que falar. Talvez você se pergunte, por quê?

Razões não faltam já que a obra está incrível. Medida Provisória marca presença com suas reflexões, lições e pelo sentimento de orgulho do feito do cinema nacional que transmite quem assiste. Quer entender isso um pouco melhor? Vem comigo!

Qual a premissa do filme?

André (Seu Jorge) e Antonio (Alfred Enoch) em Medida Provisória – Distribuição Elo Company.

Antes de tudo, vale ressaltar que o filme se passa no Brasil, mas alguns anos no futuro. Logo de cara vemos que as violências raciais que marcam a história do nosso país seguem presentes.

Consequentemente, também persistem as lutas dos movimentos por direitos das pessoas negras. Um detalhe importante mencionar é que, no universo do filme, eles não utilizam os termos negros e pretos, e sim o nome: “melanina acentuada“.

E é dentro desse contexto, que somos apresentados a uma multidão em frente ao Banco Central indo assistir uma senhora “melaninada” que seria a primeira a receber uma indenização. Em resumo, o benefício propunha estabelecer uma reparação histórica por toda violência contra a população “melaninada” e as consequências disso ainda naquele momento.

No entanto, de última hora o governo e o banco desistem, deixando o grupo que assistia revoltado e a senhora especialmente inconformada. Nessa multidão, conhecemos o jornalista André (Seu Jorge), que registra tudo e questiona o que está havendo. Enquanto isso, Antônio (Alfred Enoch), advogado, está na câmara de deputados defendendo a indenização aos “melaninados“. 

A parte assustadora começa

André (Seu Jorge) em Medida Provisória – Distribuição Elo Company.

Dessa forma, pouco depois o governo anuncia como solução ao cancelamento da indenização um projeto para levar todas as pessoas com melanina acentuada para África. Antônio, André e Capitu (Taís Araújo) descobrem sobre isso em um bar e riem da situação de início, acreditando ser uma grande besteira.

Porém, o projeto que começa com caráter voluntário é um tempo depois transformado em mandatório. Segundo a Medida Provisória 1888, a partir desse momento, 13 de Maio, todas as pessoas com características negras devem ser removidas do território nacional.

Assim, o que parecia somente uma brincadeira se desenvolve para algo extremamente assustador e suficientemente próximo da nossa realidade para nos fazer refletir. Entre um dos principais destaques do filme estão as constantes referências a momentos da história brasileira. Desde o nome da personagem a tocar o projeto até, por exemplo, o número da Medida Provisória. Nos fazendo questionar a postura racista do estado brasileiro e quem a ela realmente serve.

Nesse sentido, em várias cenas nós vemos discussões a respeito do racismo e da melhor forma de lidar com ele. Para mim, Lázaro Ramos acerta muito nessa proposta, sua denúncia ao racismo é chocante, mas extremamente necessária. Ainda que não concorde com o final, por ser na minha visão um tanto irreal, a força da mensagem segue, por isso deixo minha recomendação para quem ainda não viu o filme: faça isso logo!

Leia Mais: Mas afinal o que exatamente é Afrofuturismo?

O que mais choca em Medida Provisória?

Capitu (Taís Araujo) e Antonio (Alfred Enoch) em Medida Provisória – Distribuição Elo Company.

A princípio, os filmes mais assustadores são aqueles com maior fundo de verdade, e é desse mesmo conceito que Medida Provisória se torna completamente apavorante. Não como um filme de terror comum, com vilões loucos como Freddy Krueger ou Michael Myers, que parecem impossíveis de serem vistos fora da ficção, mas como uma consequência drástica de uma realidade que já vivemos.

Sobretudo com tantos anos de violência e exclusão da população negra, estamos muito longe de corrigir os erros do passado. E, tendo em vista, as poucas ações governamentais para combatê-lo e a persistência do racismo ao longo das décadas, é impossível não ser tocado de alguma forma por uma distopia com um ar tão “real” e assustador.

Para mim, o pior e o mais inaceitável é que, frente a tudo de ruim que acontece, muitas pessoas brancas, mesmo indignadas, seguem suas vidas. Apenas protestam, será que frente a violência isso pode mesmo resolver o problema? Tá aí uma das reflexões do longa, que não são poucas!

Enfim, Medida Provisória é uma obra de arte tão marcante não só por ser uma mera distração ou fantasia, mas sim pelo seu mix equilibrado entre o choque das verdades difíceis de lidar da nossa própria realidade com uma chamada à mudança essencial no momento em que vivemos.

E você, já assistiu à Medida Provisória? Deixa nos comentários o que mais te tocou no filme.

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      Tags: Alfred Enoch Antiracismo Cinema Cinema Nacional Distopia Filmes Lazáro Ramos medida provisória Seu Jorge Taís Araújo
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      Andreza Coelho

      editor

      Historiadora, assistente administrativa, artesã e taróloga. Amante do conhecimento e de boa conversa sobre qualquer assunto interessante.

      2 Comentários

      • Critica I Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz • says:
        16 de setembro de 2022 at 18:31

        […] Veja Também: Medida Provisória […]

        Acesse para responder
      • Emancipation e a persistência do racismo estrutural says:
        26 de janeiro de 2023 at 10:00

        […] Leia Mais: Medida Provisória, qual o limite entre a distopia e realidade? […]

        Acesse para responder

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