Vigaristas em Hollywood e as sujeiras do cinema

Olá, Turneiros, preparados para saber mais sobre Vigaristas em Hollywood, o mais novo filme de comédia nos cinemas?

É verdade que, no geral, comédias costumam ser mais leves e bem-humoradas. Na maior parte dos casos, os filmes mais conhecidos do gênero costumam explorar o humor a partir do exagero e das cenas ridículas. Enfim, alguns são tão ruins, mas tão ruins que acabam sendo bons. Sabe aquelas cenas que você mal consegue assistir de tão vergonhosas? É disso que estou falando..

Mas esse não é o humor de Vigaristas em Hollywood e é importante que se lembre disso. Na verdade, o filme faz uso de um humor mais sombrio, da ironia e da crítica ao próprio cinema. 

O personagem principal interpretado por Robert Deniro é um fracassado produtor de cinema que passou a vida inteira tentando fazer um filme de sucesso e falhando miseravelmente toda vez. Nessa jornada, ele contraiu dívidas enormes com um agiota, interpretado por Morgan Freeman. Mesmo endividado e sob ameaça de morte, ele é teimoso demais para desistir, e é justamente essa teimosia que o leva a planejar uma saída insana para se manter nos negócios e o que move os acontecimentos do filme.

Ao ler a sinopse, você pode até achar que verá mais do mesmo que tem sido feito na comédia, no estilo do qual falei antes. Contudo não é o caso, as piadas do filme foram muito bem pensadas e  conseguem nos arrancar risadas desde os minutos iniciais. No geral, o humor é feito tanto através dos diálogo entre os personagens, suas expressões, quanto de simples enquadramentos que conversam com algo trazido na cena.

Muito além de risadas, o filme traz críticas

Esse humor também é construído a partir de críticas sobre a produção de filmes em Hollywood. Como disse anteriormente, a premissa principal é sobre um produtor de cinema endividado que busca uma maneira tanto de resolver seu problema financeiro, quanto de permanecer nos negócios.

O roteiro foi bem elaborado, funciona para o gênero da comédia e tem todo esse humor inteligente que faz o filme ser muito interessante de ver. Ele veio para brincar um pouco com toda essa galera da indústria cinematográfica e explorar um pouco os problemas presentes nesse ramo.Todos nós sabemos que a indústria do cinema é muito competitiva e, nem sempre, um alto investimento. Por exemplo, muitos filmes levaram produtoras e produtores à falência com seu fracasso nos cinemas, como é o caso de A Bússola de Ouro. O longa teve um orçamento de  US$ 180 milhões e teve Nicole Kidman e Daniel Craig no elenco e nada disso salvou a New Line da falência.

Mas voltando para Vigaristas em Hollywood, é fato que o elenco em si é um show completo à parte. As atuações ficaram muito boas, divertidas e leves, não caricatas, bem de acordo com a identidade do filme. Além disso, as interações entre o elenco são muito dinâmicas e fluídas em tela, o que com certeza é mais um ponto positivo.

O que foi negativo nessa comédia?

Apesar de ter sido um filme incrível, acredito que devo apontar que o tempo de 1h30m foi pouco para explorar melhor a virada nas relações de alguns personagens. Até mais ou menos metade do filme, vemos uma intenção muito ruim de um personagem em relação ao outro, e, quando isso muda, acontece muito rápido, sem muita base. Assim como a aproximação entre esses personagens e a construção de uma amizade entre eles que, ao fim, pareceu um pouco artificial. Enfim, eu entendo que filmes de comédia não são muito longos, mas talvez algo poderia ter sido feito para desenvolver melhor este relacionamento na tela.

Outro ponto é que o final foi bem clichê e até um pouco desconexo com os eventos da história em si. O tempo todo vemos Max se esforçando e bolando milhares de situações para executar seu plano e manter sua produtora funcionando. Apesar de seu esforço tudo que ele faz dá um resultado contrário do esperado, seguindo esse caminho o final pareceu uma escolha narrativa válida, mas forçada e nem um pouco natural.Muitas ações dele ficaram sem consequências tornando o final clichê bonito, mas nem um pouco convincente.

Por fim, dentro das críticas à produção cinematográfica que o filme traz, eles poderiam tocar na ferida do machismo e do racismo. Achei que isso poderia ser melhor explorado. Ainda hoje, no ano de 2021, temos pouca representação feminina em papéis de produção e direção, e o mesmo vale para pessoas negras. É só avaliar as cerimônias do Oscar e ver os premiados para confirmar isso. Então, na minha opinião, acho que o filme errou em não explorar a segregação de raça e gênero de uma forma um pouco mais profunda.

Já conferiram Vigaristas em Hollywood? Me conta nos comentários o que achou.