Atypical 4ª temporada | Valeu a pena ver o final?
No início de 2020, com todas as atividades paralisadas, decidi colocar em dia algumas das coisas que eu tinha marcado no catálogo da Netflix para assistir. Atypical era uma dessas séries, e eu já tinha ouvido muitas coisas bacanas sobre, mas não sabia que amaria tanto a série.
Desde então, tenho pensado na melhor forma de trazer uma matéria aqui para a Turn tratando disso. Eis que, no dia 9 de julho de 2021, saiu a quarta e última temporada, e estou aqui para apresentar algumas coisas sobre o desfecho da série, e porquê o show será uma recomendação frequente minha.
Aviso: contém spoilers leves.
Sinopse
Sam, interpretado pelo ator Keir Gilchrist, é um adolescente de 18 anos que possui autismo. Sua jornada basicamente se resume em busca de independência, principalmente lidando com desafios como arrumar uma namorada, trabalho, amizades, família (principalmente sua relação com Elsa, sua mãe um tanto controladora) e sonhos.
Mas, surpreendentemente, Atypical fala muito mais sobre os personagens que circundam Sam do que o próprio, principalmente se tratando da quarta e última temporada. Por ser muito leve, e ter episódios relativamente curtos, Atypical ganha um lugar no coração dos espectadores por sua sensibilidade, e por sua capacidade de ser clara nas mensagens passadas. Foi uma série em que eu consegui até refletir mais sobre a minha relação familiar, o que é muito bacana pensando no público em geral.
Sam e seu sonho
Sinceramente, eu fico impressionada com o potencial inspirador dessa série. Nessa temporada, Sam está lidando com os desafios de ir para a faculdade, e se depara com um problema: seu futuro. Acontece que o jovem não tinha muita certeza sobre seu objetivo principal depois da graduação. Ai, impressionantemente, Sam resolve que seu desejo é ir pra Antártica, ser um explorador e ajudar na preservação de pinguins, o que fez bastante sentido.
Porém, o que parecia um sonho louco, é justamente o que promove o crescimento dos personagens da série, não somente do Sam. Acredito que neste ponto, nosso jovem já está bem desenvolvido. Mas os ajustes que a série precisava para seu encerramento vieram principalmente dos demais personagens.
O núcleo paralelo da série
Antes de mais nada, preciso ressaltar que Atypical é fenomenal quanto a trama dos personagens para além do Sam. Obviamente, algumas pontas soltas relacionadas aos coadjuvantes nos deixam intrigados, com destaque para o Evan, ex-namorado da Casey. No entanto, é possível sentir ao longo dessas quatro temporadas, a evolução natural dos protagonistas.
Eventualmente, dois personagens me chamaram atenção nessa temporada: Elsa e Doug, pais de Sam e Casey. Desde o início, Elsa fazia o papel da mãe controladora, e até resmungona. Já o Doug, mesmo pensando no momento em que ele abandonou o lar com o nascimento de uma criança autista, se apresentava mais flexível, principalmente com Casey. Todavia, nessa temporada os papéis meio que se inverteram. Eu até gostei de ter visto a Elsa numa evolução mais plena, mesmo com seus desvios. Porém, me incomodou muito o comportamento do Doug dessa vez. O desfecho do personagem até nos dá uma sensação de que ele irá progredir para um lugar melhor, mas ainda assim eu fiquei um tanto quanto chateada.
Já Paige e Zahid continuam sendo personagens de destaque, que também evoluem muito nessa temporada. Zahid finalmente aprende a ser um amigo melhor, e ele tem papel fundamental na jornada do Sam. No entanto, Paige continua sendo uma namorada um tanto controladora. Mas a jornada de autoconhecimento dela, e sua doação às demandas de Sam, mesmo a contragosto, acabam fazendo com que a personagem tenha um desfecho merecido.
Casey e o transtorno de ansiedade
Por mais que ela seja uma personagem imatura, e às vezes irritante (podendo facilmente entrar na lista protagonistas chatos/irritantes das séries), Casey é um grande destaque, e toda sua trajetória até ali meceria mais atenção. Por meio dela, a série conseguiu abrir espaços para diálogos sobre sexualidade e ansiedade, além de discutir o ponto de vista do irmão mais novo em um lar que lida com questões relacionadas aos cuidados de pessoas com deficiência.
Porém, no episódio dessa temporada onde o destaque é completamente na trama dela, eu fiquei decepcionada. Alí a produção perdeu uma grande oportunidade de explorar a ansiedade como uma doença que necessita de tratamento psicológico, e a sensação que deu foi de que ela “milagrosamente” foi curada dos transtornos. Ao contrário de quando o Doug sofreu um ataque de pânico em temporadas anteriores, nem essa possibilidade foi mencionada no caso da adolescente, que também passou por um episódio similar ao do pai. Enfim, eu realmente acho que Casey é uma personagem muito interessante, e merecia um spin-off.
Por fim, vou sentir falta dessa série. De forma leve, ela conseguiu abordar muitas temáticas importantes, principalmente relacionadas à família. E não poderia deixar de recomendar para qualquer um precisando de uma boa série conforto!
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