Crítica | Jojo Rabbit “Dancing is freedom”
Olá, Turneiros! Hoje é dia de crítica, bebê!
Já ouviram a palavra de Jojo Rabbit? Ainda não? Então, vem comigo que já é a hora!
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Prêmios e Indicações
“Jojo Rabbit” é nada menos do que um dos filmes favoritos para vencer na categoria de Melhor Filme do Oscar. Vencedor da premiação People’s Choice Award do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), que costuma servir de indicação para o ganhador do Oscar.
Dessa forma, existe certa expectativa que, assim como Green Book ano passado, “Jojo Rabbit” vença nessa categoria e leve para casa pelo menos mais duas estatuetas além dessa. O filme conta com mais outras cinco indicações: Melhor Atriz Coadjuvante — Scarlett Johansson, Melhor Roteiro Adaptado — Taika Waititi, Melhor Montagem — Tom Eagles, Melhor Figurino — Mayes C. Rubeo e Melhor Design de Produção — Ra Vincent/ Nora Sopková.
Além de já ter vencido outros prêmios, como o de Melhor Ator Jovem no Critics’ Choice Award.
Competindo contra 1917, “Jojo Rabbit” também conta uma história de guerra, mas a partir de um outro olhar.
Uma História Irreverente e Controversa
Com estreia prevista para o Brasil no dia 06 de fevereiro, “Jojo Rabbit” conta a história de um garoto alemão solitário (Roman Griffin Davis) que tem seu mundo colocado de cabeça para baixo quando descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma jovem judia (Thomasin McKenzie) em sua casa. Com ajuda de Adolf Hitler (Taika Waititi), seu amigo imaginário, Jojo deve confrontar seu nacionalismo e suas percepções sobre a guerra.
“Jojo Rabbit” é sem dúvida um dos filmes mais comentados e mais controversos do ano. Desde a sua estreia mundial em outubro de 2019, o filme vem dividindo opiniões, o tom satírico que o diretor escolheu dar aos nazistas tem sido particularmente criticado. Escolha que, apesar de controversa, dá ao enredo um viés diferenciado dos filmes de guerra já produzidos.
“Jojo Rabbit” não é o primeiro filme a abordar a infância durante a guerra, já vimos essa realidade em longas, como “O menino do Pijama Listrado” (2008) e “A Chave de Sarah” (2010), mas nenhum deles propôs de usar do humor como uma forma de equilibrar a trama e apresentar o personagem principal.
A História Original — Divergências e a Adaptação
Inspirado no livro “Caging Skies“, da autora Christine Leunens, publicado em 2008, o filme se distingue muito da obra original. Com um roteiro muito bem-adaptado, o enredo, ao invés de abordar a guerra a partir de um viés dramático, como no livro, prefere equilibrar o tom do filme com o humor.
Uma inclusão que, por exemplo, não existe no original é a presença do amigo imaginário de Jojo: Adolf Hitler. Dessa forma, essa diferente perspectiva tem gerado inúmeras críticas, basta dizer que para muitos leitores, apesar dos inúmeros prêmios que o livro já ganhou, sua adaptação é melhor que sua obra original.
Dualismo da Guerra
Assim, “Jojo Rabbit” trabalha a guerra num viés humano, o filme é todo narrado por um jovem de dez anos, que se considera nazista, mesmo sem saber o que isso realmente significa. Sendo obrigado, em mais de um momento, a enfrentar a crueldade e realidade do regime. As cenas entre ele e a mãe tem uma química magnífica e equilibram muito bem suas duas posições políticas tão diversas dentro da mesma casa.
Como numa guerra, lados precisam ser escolhidos, Jojo começa a enfrentar a necessidade dessas escolhas e a compreender que nem tudo é oito ou oitenta. Logo, é a partir dessa premissa que o enredo se desenrola, é nossa missão como público conhecer a mente infantil e confusa de Jojo, que enxerga no nazismo uma forma de ser aceito.
O desejo de ser aceito e a guerra
Não é segredo que seres humanos querem ser aceitos e fazer parte de um grupo, a Juventude Hitlerista realmente existiu, sendo sua intenção criar uma geração de nazistas que mantivessem o regime em curso. Meninos e meninas de dez anos em diante eram doutrinados dentro dessas “crenças”, para que não houvesse oposição ao regime.
Assim, “Jojo Rabbit” reflete sobre o que torna alguém um nazista, na perspectiva de uma criança alemã, discutindo sobre a inocência infantil e o desejo de pertencimento sendo usados como forma de manipulação e persuasão.
Signos e significados do filme
Logo, o filme todo é recheado com pequenos signos, que representam coisas muito maiores, o simples ato de amarrar os sapatos, é na minha perspectiva o maior lembrete que no fim ele é apenas uma criança e mais uma vítima da guerra.
Em suma, o maior objetivo do filme é relembrar nossa responsabilidade, como humanos, de não deixar que essa história se repita. Afinal, é importante recordar que os nazistas no fim eram pessoas, indivíduos que por alguma razão acreditaram nisso, e só demonizá-las não resolve o problema. É preciso discutir e falar sobre isso para quem sabe mudar a opinião dessas pessoas.
A Direção e Execução
O neozelandês Taika Waititi (Thor Ragnarok, 2017) faz um trabalho genial e de muita sincronia. Sendo assim, o roteiro se adequa perfeitamente ao tom e trama do filme e a direção sabe complementar essa intenção a partir das escolhas de ângulo e perspectivas.
Ainda que parte do elenco seja iniciante, isso não se torna um problema, na verdade, é um dos charmes do filme. Por exemplo, Romam Griffin Davis, o protagonista, está em seu primeiro papel e o conduz com muita naturalidade e talento. Já Thomasim Mackenzie não possui a mesma presença do pequeno, mas entrega o necessário.
A química entre todo o resto do elenco funciona muito bem, contribuindo na exibição de um filme muito bem equilibrado entre humor e drama. Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime, 2017), Alfie Allen (Game Of Thrones, 2011) e Rebel Wilson (A escolha Perfeita, 2012) estão espetaculares nas cenas de humor, eles souberam trazer um tom ácido e crítico as piadas que realmente faz diferença no resultado final da obra. Além disso, não dá para não destacar Scarlett Johansson (História de Um Casamento, 2019) que mais uma vez está muito bem no papel.
Além disso, outro destaque é o figurino e todo design de produção, que nos levam até a Alemanha da década de quarenta de modo impecável. Através da junção de todos esses fragmentos e detalhes, “Jojo Rabbit” executa o que promete. Nos faz rir com sua sátira e chorar com a realidade que apresenta sem precisar apelar para o melodramático.
Enfim, “Jojo Rabbit”, mais do que tudo, é uma história sobre humanidade, afinal o que é mais importante: Sobreviver ou ser humano?
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Revisado por Leandro Reis
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