Crítica Malu | Um filme brasileiro que merece ser visto
Uma das melhores surpresas do Festival do Rio, fui assistir sem muitas pretensões e me surpreendi com o que encontrei. Malu é um filme tocante e reflexivo, que consegue discutir a vida sob diferentes perspectivas.
Somos apresentados a três gerações de uma mesma família. Pessoas completamente diferentes que precisam nessa convivência lidar com embates geracionais que prometem te fazer refletir muito sobre sua própria vida e relações familiares.
Ficou curioso? Vem comigo que te conto por que vale a pena assistir Malu!
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Qual a história do filme?
O longa conta a história de Malu, uma mulher forte de meia-idade com um passado magnífico, que parece viver presa nesse passado. Atriz na época da ditadura, enfrentou o inimaginável para viver da arte, gerar mudanças e não aceita o conformismo presente nas gerações mais jovens.
Mesmo cheia de sonhos e planos, Malu parece travada, como se o passado ainda segurasse suas ambições para o futuro. Ela vive se lembrando dos tempos de glória, reclamando sobre o presente, talvez com medo de fracassar ou de nunca mais se encaixar.
Em meio a tudo isso, estão as relações complexas entre Malu e sua mãe, uma senhora conservadora, que nunca aprovou sua carreira como atriz de teatro; e sua relação com a filha: Joana, que é uma espécie de reflexo de si mesma que não a satisfaz. Essas diferenças geram conflitos que levam a reflexões profundas sobre maternidade e empatia.
O filme destaca que, antes de serem mães e filhas, cada uma dessas mulheres é uma pessoa, com desejos e frustrações próprias. O longa mostra como esses conflitos geram traumas e feridas que atravessam gerações e são complicadas de superar, mesmo que já tenha passado muito tempo.
As três mulheres se veem presas em um círculo vicioso de questões, muito similar ao que todos temos em algum grau com nossas próprias famílias, uma mistura de carinho com muitos ressentimentos, que vem à tona de tempos em tempos quando uma situação-gatilho acontece.
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Pontos de Destaque
Dirigido por Pedro Freire, Malu é inspirado nas lembranças do cineasta com sua própria mãe, a atriz Malu Rocha (1947–2013). Saber disso nos ajuda a entender por que o filme nos toca de maneira tão próxima e real. Talvez você se lembre da sua mãe, avó ou até de si, é muito difícil não se identificar com algumas das questões, seja o embate geracional ou o sentimento de não pertencimento.
O longa traz sentimentos universais sem perder sua pessoalidade, que surgem a partir de um elenco, que consegue trazer sentimentos complexos e humanos com muita naturalidade. Yara de Novaes dá vida a uma Malu, que é exatamente a força da natureza que deveria ser, sua personalidade complicada move as relações e nos deixa tanto intrigados quanto tristes.
Juliana Carneiro da Cunha (Dona Lili) e Carol Duarte (Joana, a filha) são outras surpresas, suas performances completam a relação familiar complexa, tornando o filme ainda mais impactante.
Não é lento demais?
Essa era uma preocupação que tinha ao ler a sinopse, mas garanto a vocês que não. Embora a carga dramática seja forte, Malu sabe equilibrar bem seu ritmo, entregando um filme nem um pouco lento ou melodramático, o que acontece muito em filmes com propostas similares.
No longa-metragem, temos momentos de descontração, alegria, além de todas os embates familiares, ajudando a entregar um tom mais real à narrativa, que deixa a experiência de assistir mais instigante e familiar.
Com isso, quero deixar minha recomendação: assistam Malu, vocês com certeza não vão se arrepender. A direção sensível de Pedro Freire traz uma obra que nos toca profundamente, nos fazendo encarar nossos próprios laços familiares, o tempo e nossos sonhos.
É um filme emocional e reflexivo, perfeito para quem busca não só entretenimento, mas também crescimento pessoal. Então vejam, reflitam sobre ele e me contem o que ressoou com vocês nos comentários!