Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é realmente tudo isso?
Olá turner, se você está por aqui das duas uma: ou é tão fã da Marvel quanto eu, ou está morrendo de curiosidade sobre um dos filmes mais esperados do ano… bem, talvez os dois. Então, para acabar com sua aflição, já adianto que sim, em muitos sentidos Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é tudo isso.
Se você está se perguntando “como assim?” e precisa de mais detalhes, vamos lá!
No que o filme acertou?
O primeiro ponto de destaque do filme é seu impacto – e para garanti-lo já deixo uma dica: evite ao máximo spoilers. Sei que um ou outro ajudam com a ansiedade, mas quanto menos você souber melhor será a experiência.
Com aparições esperadas e inesperadas, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura traz sequências inesquecíveis, nos fazendo experienciar o misto de sentimentos que só mesmo um filme da Marvel consegue proporcionar. Intenso como deve ser, vamos do êxtase aos risos, choramos, e no fim refletimos com Strange, Wanda, e America.
Ainda que a trama seja simples, uma coisa que o filme acerta é a abordagem de temas universais, como a loucura, a bondade e a felicidade para desenvolver seus personagens. Nada é por acaso, e essa verdade cabe muito bem ao enredo, já que é a partir dela que vemos os personagens trilharem jornadas pessoais desafiadoras e interessantes. Por mais de uma vez, eles precisam fazer escolhas difíceis, e mais do que isso precisam lidar com todas as consequências advindas delas.
Elizabeth Olsen merece um Oscar?
Sendo assim, com interpretações fantásticas, o filme entrega toda a intensidade prometida. Benedict Cumberbatch entrega um Doutor Estranho mais centrado do que em Homem-Aranha, e mais condizente com tudo que conhecemos dele. Mas apesar de ser o nome dele no título definitivamente quem rouba a cena é Elizabeth Olsen, que executa uma interpretação digna de Oscar. A forma como ela apresenta a loucura é tão genuína e intensa que a empatia, e muitas vezes as lágrimas, se tornam inevitáveis.
America Chavez: Nossa mais nova paixão
Outro destaque é Xochitl Gomez, como a America Chavez, carismática, engraçada e extremamente poderosa. A atriz soube dar o tom certo para a personagem, mostrando que sua trajetória é extremamente inspiradora e que sem dúvida vai conquistar muitos fãs por aí.
Além disso, não tem como falar dela e não exaltar a química existente entre ela e Strange, em que os dois interagem com muita naturalidade, carisma e comicidade. É deles que vem grande parte das risadas, mas vai além. A construção da relação deles é tocante e também extremamente importante para a evolução dos personagens.
O Tal do Terror
Muita gente tem me perguntado se o filme dá medo, e não, não dá, pelo menos não no sentido mais literal. Com exceção de algumas cenas mais fortes, o clima todo do filme é construído em cima de um terror mais psicológico, dramático e reflexivo. O que aterroriza mais do que o medo de não sermos felizes ou de não conseguirmos o que tanto queremos?
Dessa maneira, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura constrói um clima de terror presente mais nos personagens do que em nós. Assim, conduzido pelas nuances, desejos e medos dos personagens, nos conectamos a toda essa atmosfera a partir de uma fotografia, arte, direção e trilha sonora que se adequam a cada momento com muita naturalidade.
No que o filme errou?
Personagens tão bons mereciam um roteiro mais complexo
Como nem tudo é perfeito chegou a hora de analisar o que não funcionou tão bem assim. Em primeiro lugar, o filme deixa a desejar quando o assunto é roteiro. Com escolhas preguiçosas e um número considerável de facilitações vemos, por exemplo, um primeiro ato que parece se atropelar nele mesmo.
Ainda que os personagens tenham se destacado, um primeiro ato mais introdutório, seria o ideal para melhor desenvolvê-los, pois mesmo que seus objetivos fiquem claros, a primeira impressão é apressada. Talvez tenha sido proposital com a ideia de causar choque, mas no fim provocou mais estranheza pela escolha de construção do que pelos acontecimentos.
Porém, não para por aí, de escolhas grandes a menores, o filme peca em construir elementos essenciais. Desde as participações que são pequenas e pouco relevantes para a trama até o arco narrativo de alguns personagens, que poderiam ser mais bem aproveitados.
Precisa mesmo explicar tudo?
Por mais que algumas vezes seja necessário, esse é um elemento que geralmente incomoda, pois demonstra preguiça ou incapacidade da narrativa em explicar alguma especificidade. Não é nada incomum na Marvel mas sem dúvida atrapalha um pouco o ritmo do filme, muitas vezes reduzindo o peso dramático necessário das cenas.
Apesar de não acontecer o tempo todo, acontece vezes o suficiente para incomodar. E sim, não nego que as informações são importantes, mas era necessário nos contar dessa forma? Transformá-las em parte da narrativa é sempre uma maneira mais interessante de trazer esses temas, a explicação deve ser a exceção não a regra.
As Decisões Criativas desse filme são boas para o MCU?
Ainda que o filme tome uma decisão ousada e surpreendente, ela traz consigo muitas consequências que só serão respondidas ao longo dos próximos projetos. Por enquanto não há resposta para essa questão, mas a pergunta que fica é: será que esse risco foi uma boa escolha? Será que a Marvel vai cometer os mesmos erros outra vez?
Honestamente acredito que não, mas só acompanhando as próximas obras para entender se essa decisão foi certa; ou se trata de um erro que pode nos levar a questionar tanto a “representatividade” do MCU quanto o sucesso de todas essas novas fases.
PS: Juro que daqui uma semana explico com detalhes do que estou falando!
Além disso, as escolhas finais de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura prometem ainda mais universos e novos personagens. E ainda que tenham muitos elementos das HQs com grande potencial, a Marvel já não deveria estabelecer uma trama clara entre os seus filmes? Quatro filmes, e ainda mais séries, já se passaram e estamos com mais perguntas do que respostas.
Ele passa uma boa mensagem?
Por último, apesar de o filme trazer muita reflexão, ainda assim ele poderia tratar alguns temas e personagens de um jeito mais responsável. Levando em consideração que a identificação, apesar de distante, ainda existe e pode incentivar sentimentos de desesperanças. Qual o sentido se mesmo sacrificando tudo nunca é o suficiente?
Essa dor faz parte da trama em certa medida, mas apesar disso ela não é realmente tratada e abordada com a seriedade necessária. Pelo contrário, a mensagem que fica é que não há nada a ser feito, que algumas vezes finais felizes simplesmente não existem. Me pergunto em que essa mensagem colabora, em um momento onde estamos tão mentalmente doentes?
E sim, o filme não precisa colaborar com nada, mas deve ser responsável e tratar temas sensíveis com a sensibilidade necessária, o que não aconteceu. Porém, essa não foi a única mensagem do filme, na verdade Doutor Estranho no Multiverso da Loucura acerta em outra. Ele nos mostra que a felicidade não é necessariamente natural, e que ela não vem apenas de fazer o que é certo, mas que diz respeito a algo mais pessoal, que não deve ser deixado de lado.
Enfim, como vocês leram, o filme não é perfeito mas ainda assim cumpre muito do que promete. Além de nos presentear com momentos emocionantes e únicos. Já assistiu o filme? Conta para a gente o que achou!
6 Comentários
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