Crítica | Nada é por acaso, adaptação do bestseller de Zibia Gasparetto
Bastante esperado pelos fãs, Nada é por acaso é uma adaptação do livro espírita de mesmo nome, da reconhecida Zibia Gasparetto. Para quem nunca ouviu falar, ou não sabe muito a respeito dela, Zibia foi uma das mais conhecidas escritoras espiritualistas do Brasil, tendo mais de 50 obras publicadas e mais de 17 milhões de cópias vendidas. (Via Conexão Lusófona).
Sendo assim, apesar de suas obras não estarem tão em alta nesse momento, é impossível não reconhecer a importância da autora para a comunidade espírita. Dando a esse filme um peso extra, uma responsabilidade de atravessar a comunidade e comunicar a mensagem de Nada é por acaso para pessoas com variadas crenças e modos de ver o mundo.
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Na tentativa de agradar a todos, o filme corre o risco de agradar poucas pessoas.
Esse objetivo é claro, pela forma que a espiritualidade aparece na narrativa, mas apesar da investida ser louvável, o resultado não é tão bom quanto o esperado. Pois, na sua tentativa de ser, de certa forma, didático, a trama se torna superficial e muito simplista. Ainda que o enredo traga personagens e histórias muito fortes, seus sentimentos não transpassam ao público por culpa de um roteiro pouco estruturado.
No filme, conhecemos Marina, uma jovem advogada com origens humildes que alcança o sucesso após receber uma fortuna em troca de algo que a perturba demais para compartilhar. É esse segredo que norteia toda a trama. Somos convidados nas suas quase duas horas de duração a descobri-lo, e também a entender, como todos esses personagens estão conectados.
Assim, misturando o universo espírita com o gênero de filmes policiais até ficamos curiosos em descobrir o segredo, mas não passa disso. Todo o impacto e sensibilidade da história acaba perdido por uma trama que não nos envolve, com um roteiro cheio de diálogos não naturais e explicados demais.
Não falta orçamento, mas isso não compensa roteiro pouco organizado.
Apesar de ser notável que houve grande investimento por conta do elenco e da ambientação, infelizmente isso não é suficiente para disfarçar todos esses problemas que incomodam bastante a experiência.
Por outro lado, Giovanna Lancelotti entrega uma atuação muito boa, que consegue emocionar em alguns momentos, apesar das questões do roteiro. Já Rafael Cardoso não impressiona, muito por conta do desenvolvimento do seu personagem que é superficial e pouco agradável. Suas atitudes no relacionamento com Marina soam um tanto abusivas e acabam pouco exploradas na trama.
Assim, de modo geral, ainda que tenha alguns elementos positivos, o filme não supera a obra original. Podendo decepcionar tanto os fãs, que esperam ver um pouco mais de doutrina, quanto os que não conhecem nada a respeito desse universo.