“Viva, a Vida é uma Festa” é a melhor animação da Pixar-Disney?
Assisti “Viva, a vida é uma festa” há alguns anos e se tornou um dos meus favoritos, sempre tive muita curiosidade sobre a cultura mexicana e me surpreendi com o nível de sutileza e cuidado que esse filme foi feito.
“Viva” apresenta uma cultura diversa, nos fazendo aprender um pouco mais sobre ela, enquanto discute de forma muito leve a morte e as consequências dela.
“Viva, a vida é uma festa” e a morte
É normal que evitemos essa discussão com crianças, por acreditarmos que elas não estão preparadas. E evitamos falar sobre isso até mesmo entre adultos, ainda que essa seja a maior verdade de nossas vidas. Vivemos como se fossemos viver para sempre, e não nos preparamos para a morte. Por consequência, não preparamos nossas crianças.
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E essa é uma das razões pela qual “Coco”, ou no Brasil: “Viva, a Vida é uma festa!”, é um filme tão recomendável para crianças e para adultos. A animação nos apresenta uma importante e tradicional celebração mexicana: “El Día de Muertos” (Trad.: Dia dos Mortos).
“El Día de Muertos”
Provavelmente vocês já viram fotos dessa festa, ou já foram em algum evento com esse tema, mas talvez conheçam muito pouco a respeito. A verdade é que as tradicionais caveiras mexicanas dessa festa têm sido apropriadas por muitas pessoas para serem usadas como fantasias no Halloween sem que muita pesquisa ou entendimento sobre os significados atribuídos a fantasia.
“El Día de Muertos” é uma manifestação cultural de origem indígena, celebrada a partir do dia 31 de outubro, podendo ter duração de dois a sete dias. Atualmente é celebrada de forma superficial em muitos países, mas fortemente no México, em alguns países da América Central e em alguns estados dos Estados Unidos, como Arizona e Texas.
Apesar do que parece aos olhos leigos, não é uma celebração a morte, não no sentido que nossa tradição judaico-cristã estabelece. A intenção da festa é celebrar a vida de amigos e familiares que já se foram, trata-se de honrar a vida dos falecidos.
É uma cerimônia associada a memória e a cultura local, com tradições específicas que carregam muitos signos. Reconhecendo a relevância dessa festa, a UNESCO a reconheceu como um patrimônio imaterial da humanidade em 2003.
Cuidados do filme ao abordar essa cultura
Levando em conta que ainda existem pessoas que creem e praticam essa cultura, a produção teve que ter um olhar mais sensível a isso. Pois um viés ou fala errada poderia ofender todo esse grupo ou mesmo passar uma imagem caluniosa deles para o público geral.
Lee Unkrich (Toy Story) teve a ideia e por não ser mexicano tomou o máximo de cuidado. Assim, reconhecendo sua falta de voz de fala, o diretor além de fazer uma pesquisa extensa, se aproximou na produção do filme de quem conhecia essa cultura, quase toda a equipe técnica e elenco é latina. Ok que era o mínimo a ser feito, pensando em como economicamente o filme daria retorno aos estúdios Disney/Pixar.
O Enredo
Com todo esse cuidado em mente, “Viva” nos conta a história de Miguel, um garoto mexicano que sonha em ser músico. Por conta disso, acaba tendo uma discussão com sua família durante a Festa dos Mortos, após isso por alguma razão mística ele acaba preso no plano dos mortos.
É a partir desse momento que o filme adentra com mais profundidade na cultura mexicana. Assim, o filme apresenta não só a história do Miguel, mas também parte da tradição cultural indígena mexicana.
O protagonista, assim como nós, está conhecendo esse novo mundo, compreendendo gradualmente a relevância dessa data e seus significados. Dessa forma, o enredo tem a intenção de ensinar aos que não fazem parte dessa cultura. Assim, combatendo o preconceito e a desinformação a respeito dessa festa.
Nesse outro plano, Miguel conhece alguns parentes que sua família homenageava no altar de casa, e passa a vê-los como pessoas ao invés de apenas fotos. Desse modo, o personagem começa a entender a importância da memória. Já que segundo a crença de morte indígena mexicana, a morte não é fim. Pois ainda que uma pessoa morra, se alguém se recordar dela ela se mantém viva de alguma forma.
Conhecendo melhor esse outro plano
Não há um inferno ou um céu, todas as almas vão para o mesmo local e lá dão continuidade à sua existência. Não existe divisão de almas por pecados ou falhas cometidas em vida.
Por isso, Ernesto De La Cruz, o assassino de Héctor, vive junto com ele, ainda se aproveitando das vantagens do que conquistou em vida. Não há nessa tradição uma justiça divina superior responsável por “separar” esses mortos como na tradição judaico-cristã. Desse modo, o conceito de morte desse grupo se diferencia muito do nosso.
Além disso, considerando que estreou em 2017, ano em que Trump começou seu governo, após uma série de falas preconceituosas a respeito do povo mexicano. “Coco” se torna uma manifestação política, um grito ao mundo que esse povo existe, e que precisa ser respeitado. O fato curioso é que a produção da animação veio muito antes dessas falas serem de certa maneira legitimadas pelo governo, mas o preconceito em si sempre existiu, e por isso ainda que o governo de Trump não existisse, “Viva” seguiria sendo uma das melhores animações da década, pois sabe discutir temas importantes como representatividade e morte de forma acessível a todas as idades e o mais importante sem desrespeitar o povo que representa.
Leia Mais: Crítica completa e profunda sobre Viva, a Vida é uma festa
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Revisado por Leandro Reis
6 Comentários
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